
Acontece muito comigo. Vou a algum lugar (restaurante, bar, casa de alguém…) e gosto tanto de um determinado prato que me vejo tentado a reproduzi-lo em casa. Com você não é assim também? Foi essa curiosidade – com muitos tropeços – que me fez, com o passar dos anos, aprimorar um pouco meus, digamos, dotes culinários. Tanto que hoje já me sinto, modéstia toda à parte, preparado para reproduzir qualquer prato, seja de que origem for ou de qualquer complexidade.
É o domínio que a gente vai adquirindo dos ingredientes, dos equipamentos, dos instrumentos, de tudo que compõe o universo da cozinha. E o resultado, salvo algumas exceções naturais do ser humano, é muito bom.
Minha experiência mais recente foi com o nhoque à romana. Já havia experimentado algumas vezes, mas nunca tinha feito. Dias atrás fiquei honrado com o convite para mexer com as panelas do restaurante Alfredo’s Gallery alla Scrofa Roma, o Alfredo, que estava se preparando para lançar o cardápio de inverno. Acompanhado pelo chef Marcelo Oliveira, executei o Gnocchi alla romana con ragu di anatra, um dos novos pratos da casa. Registrei aqui no blog.
Ficou delicadíssimo, incitando aquela vontade de fazer de novo. Pois não tive dúvidas. Comprei um pacote de semolina e tratei de arranjar minha versão do famoso prato, tratando apenas de mudar o molho. Não por não ter como fazê-lo, pois até tenho umas coxas de pato confitadas no freezer e dali para o ragu é um pulo. Mas apenas para não repetir o mesmo paladar, pois, além de provar o prato no dia que fiz, na noite seguinte foi servido no jantar oficial de apresentação do cardápio de inverno. Três dias consecutivos já seria dose um tanto exagerada.
Como o sabor do nhoque é bem suave, não seria condizente escolher um molho muito forte, que tomasse conta de tudo. Lembrei-me, então, de um confit de tomates que registrei pela primeira vez em uma receita de bacalhau, anos atrás. Bem simples, deixando a combinação básica de tomate e cebola cozinhando no azeite por duas horas ou mais.
Arrisquei e deu muito certo. O nhoque ficou como o que provei no Alfredo, crocante por fora e macio por dentro. E o molho completou o paladar de forma irrepreensível, com o toque levemente adocicado que o tomate ganha quando perde a acidez.
Na hora de servir, finalizei o prato com algumas gotas de “Crema con aceto balsamico di Modena al tartufo bianco”, que é importado pela Porto a Porto e complementa muito bem vários pratos – e esse, especificamente, tudo a ver com os tomates confitados. Uns raminhos de tomilho para decorar e pronto.
Valeu a pena, como vale também para você aí arriscar. Quer a receita? Vai lá.
Nhoque à romana
Ingredientes
500 ml de leite integral
125g de semolina
75g de queijo parmesão ralado
30g de manteiga em cubinhos
1 gema
Preparo
Aqueça o leite em uma panela e quando já estiver quase no ponto de fervura despeje, aos poucos, em chuveiro, a semolina, mexendo sempre para incorporar.
Sem parar de mexer, junte o parmesão, incorpore bem e cozinhe por 5 minutos.
Acrescente a manteiga, ainda mexendo, até derreter tudo e formar um composto homogêneo.
Adicione a gema, misture bem, cozinhe mais um instante e retire do fogo.
Forre uma bandeja pequena com papel-filme e espalhe, ainda quente, a mistura da panela, ajeitando para que fique com a superfície bem plana em toda a extensão.
Deixe esfriar (pode ser no freezer por uns 20 minutos). Depois de fria, desenforme e utilize um pequeno aro redondo para dar formato de moeda ao nhoque.
Aqueça uma frigideira antiaderente com um pouco de manteiga e doure rapidamente as “moedas” de nhoque dos dois lados.
Sirva em seguida.
Rendimento: 4 porções.
Confit de tomates
Ingredientes
1 xícara de azeite de oliva
1 kg de tomates sem pele e sem sementes, picados
½ colher (sopa) de tomilho
2 xícaras de cebola picadinha
Preparo
Em uma panela coloque o azeite, junte a cebola picada, refogando por 3 minutos até clarear.
Acrescente os tomates e o tomilho, abaixe o fogo e deixe cozinhar até secar bem, por mais ou menos 2 horas.
Rendimento: 6 porções.
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