Os microverdes entraram pra valer na gastronomia. E não apenas pela beleza

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Você já deve ter notado. Chega aquele prato bonito lá no restaurante, aprumado com carinho pelo chef, cores bem distribuídas... e o que tem em cima? Brotos, delicados brotos de verduras e legumes, que ornam e dão o toque de beleza final ao prato servido.

Durante esses anos todos nesse mundo da gastronomia tenho acompanhado a evolução na produção de hortaliças, que, se antes quanto maiores fossem faziam a diferença, hoje primam pelas menores, aquelas cenouras pequenas, berinjelas e abobrinhas idem e o que mais imaginar, para a composição dos acompanhamentos de cada prato.

A produção de brotos também evoluiu e, hoje em dia, esses artigos estão mais práticos e mais acessíveis, inclusive ao consumidor final, pessoa física, que, mesmo interessado em apresentar pratos bem-acabados, tinha dificuldade em encontrar oferta adequada ao pouco que necessitava.

E foi exatamente o que encontrei, meio que por acaso, na Gigante Fazenda Urbana, que, desde a primeira metade deste ano, está oferecendo seus microverdes a restaurantes e outros pontos de utilização.

E o que são microverdes? A definição vem do inglês microgreens e são verduras colhidas logo após o desenvolvimento das folhas do cotilédone, com um conjunto de folhas verdadeiras. Eles são usados ​​como um aprimoramento visual, de sabor e textura e, entre as vantagens que apresentam, estão o elevado poder nutritivo (de 4 a 40 vezes superior ao das plantas adultas) e a facilidade no cultivo, que requer pouquíssimo espaço, cuidado e tempo até a colheita.

Uma fazenda nas Mercês

Nessa “fazenda”, tudo começou em abril passado, embora o desenvolvimento da ideia já viesse vindo havia um bom tempo. A responsabilidade é de dois irmãos, que, até então, nada tinham a ver com esse mundo vegetal. Anésio Guimarães Jr. é videomaker, enquanto Marcelo W. Guimarães é advogado, ambos ainda em atividade em suas profissões.

Mas, desde sempre, os irmãos sempre valorizaram os alimentos saudáveis e procuraram meios de evitar desperdícios e causar menor impacto ambiental.  Gostavam de usar compostagem, faziam aproveitamento da água da chuva e reciclavam tudo o que fosse possível, de maneira a contribuir com uma forma de vida mais sustentável.

Foi daí que Anésio surgiu com a ideia de criar uma Fazenda Urbana, uma atitude de produzir alimentos livres de agrotóxicos e que estivessem próximos do consumidor. Dentro desse conceito, juntos identificaram a possibilidade da produção indoor e começaram com os microverdes, que são ricos em nutrientes e sabor e com forte tendência na alta gastronomia, porque encanta pela bela aparência e pelo sabor diferenciado.

Encontraram numa garagem de um imóvel nas Mercês o local propício para o desenvolvimento da proposta. Para tanto, os irmãos prepararam um ambiente no qual pudessem controlar quanto possível os fatores externos (pragas, temperatura, umidade, luz etc.) para conseguirem a produção padronizada e menos suscetível às intempéries do ambiente externo.

Partindo dessa linha, levaram alguns meses, até encontrarem o padrão adequado para algumas variedades e então chegaram ao mercado com a oferta desses brotos para o consumidor final - em geral pessoas preocupadas com a saúde e que gostam da culinária bem elaborada - e também para bares e restaurantes que fazem questão de entregar aos seus clientes um prato elegante e com produtos qualidade.

O processo todo é limpo. São usadas sementes sem tratamento químico e nenhum agrotóxico. A produção é artesanal e ambos usam máscara e luva na colheita. Porém, mesmo sendo cultivadas em ambiente fechado, é recomendável lavar a porção que vai ser utilizada, antes de colocar no prato, como se faz com as hortaliças em geral.

Anésio cuida da parte da produção e Marcelo da administrativa. Ambos fazem também o comercial.  Levaram de três a quatro meses produzindo apenas para entender os processos de produção os ciclos de cada variedade. Somente depois disso iniciaram a comercialização e, atualmente, estão com cerca de 20 clientes cadastrados.

O fornecimento dos microverdes para clientes cadastrados, pessoa física, é com assinatura mensal (R$ 96 por mês, com seis unidades variadas em cada entrega, uma entrega a cada quinzena) e, para restaurantes, sempre com pedidos antecipados. Haá planos de desenvolver pontos de venda no futuro, mas esse é um projeto que ainda não aconteceu.  Fazem vendas avulsas também, mas isso só é possível quando têm alguma produção excedente.

O que a Gigante Fazenda Urbana produz de microverdes: alface, beterraba, cenoura, coentro, couve, mostarda, rabanete verde, rabanete roxo e rúcula. O valor da embalagem (com 12g de microverdes) é de R$ 10 para consumidor final e R$ 8 para restaurantes e chefs, seja qual for a qualquer variedade. Também é possível encontrar algumas bandejas disponíveis para pronta entrega, mas nem sempre de todas as variedades.

Depois de entregues, as bandejas com os microverdes precisam ser guardadas fechadas na embalagem e guardadas em geladeira. Assim, o prazo de validade de utilização é de sete dias, mas algumas espécies duram até um pouco mais.

Os microverdes estão ganhando o mercado e a aceitação popular. E isso reflete no movimento crescente de vendas que Anésio e Marcelo estão registrando desde a inauguração, sete meses atrás.

Grande Fazenda Urbana

Vendas pelo Instagram @gigantefazendaurbana e WhatsApp (41) 9607-7864

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