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“Capital do boné”, Apucarana agora quer virar polo das máscaras cirúrgicas
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O município de Apucarana, na região Norte do Paraná, conhecido como ‘a capital do boné’ está investindo pesado para se tornar em pouco tempo também a ‘capital da máscara cirúrgica’. As indústrias do setor de confecção estão instalando novas unidades, importando máquinas da China e contratando e treinando novos colaboradores para atender a grande demanda pelos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

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O novo negócio está contribuindo para a autossuficiência do Brasil em máscaras. Antes da pandemia do novo coronavírus, a dependência externa nesse item era de praticamente 100%.

A produção em Apucarana começou no ano passado como forma de driblar a crise que, de uma hora para outra, resultou no cancelamento de praticamente todos os pedidos das indústrias do vestuário, um dos segmentos que mais emprega na região.  “Foi a solução para não fecharmos as portas e para não demitir os trabalhadores”, conta a presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale), Elizabete Ardigo.

A ação, no começo da pandemia, foi articulada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e pelos sindicatos do setor do vestuário que mobilizaram as confecções para a nova atividade.

O que começou como uma solução emergencial que, a princípio, seria de curto prazo, acabou se transformando num novo negócio. De acordo com dados do Sivale, cinco indústrias locais já buscaram a certificação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estão instalando novas unidades, importando máquinas da China, contratando novos funcionários e trabalhando em três turnos para produzir cerca de cinco milhões de máscaras por mês e atender os pedidos.

Os EPIs abastecem a rede hospitalar pública, além de hospitais e clínicas médicas e odontológicas privadas de várias regiões do Brasil, em especial do estado de São Paulo e dos estados da região Norte.

Saldo positivo de 400 empregos

“Aqui em Apucarana, fechamos o ano de 2020 com um saldo positivo de 400 empregos no nosso setor e devemos isso à produção das máscaras”, conta Elizabete. “Para muitas pessoas foi o primeiro emprego porque essa atividade não demanda uma qualificação específica, nós mesmos treinamos os nossos colaboradores”, observa a presidente do Sivale, que também é proprietária da B2 Confecções.

Uma das novas contratadas é a auxiliar de produção Lídia Akemi Saito. Ela conta que nunca havia trabalhado nesse segmento e ficou feliz com a oportunidade.  “A decisão dos empresários em investir na produção das máscaras cirúrgicas foi muito acertada porque é disso que o mercado está precisando e é o que está gerando empregos”, afirma.

Portfólio diversificado nas empresas locais

O Grupo Blue Ocean, também de Apucarana, que tem 38 anos de atuação no mercado e fabrica bonés para grandes marcas, abriu uma nova divisão apenas para produtos médicos, a Lola Med. “Não vamos ficar apenas nas máscaras. Estamos montando um portfólio com outros itens de uso hospitalar, como toucas e propés (sapatilhas)”, conta Levy Silva Junior, diretor comercial e sócio da Lola Med. Segundo ele, a nova divisão gerou 50 novos empregos.

A empresa está focando na área privada, atendendo clínicas médicas e odontológicas, além de hospitais particulares. “Somadas as produções dos estados do Sul mais São Paulo e Minas Gerais pode-se dizer que o Brasil hoje é autossuficiente na produção de máscaras”, afirma Silva.

A reportagem da Gazeta do Povo procurou a Anvisa para saber se o Brasil já pode ser considerado autossuficiente na produção do item. A Agência informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem dados suficientes para respaldar essa informação.

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