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A linha Ibema Ritagli usa 30% de fibras do pós-consumo do papel.
A linha Ibema Ritagli usa 30% de fibras do pós-consumo do papel.| Foto: Reprodução

A fábrica paranaense de papel Ibema está se preparando para dobrar o volume de material pós-consumo utilizado em sua linha de fabricação. Após o lançamento da linha Ritagli, que usa 30% de fibras de papel já utilizado anteriormente, a indústria vem quebrando recordes no uso de matéria-prima oriunda da reciclagem.

Os números foram divulgados pela gerente de SGI, Risco e Meio Ambiente da Ibema, Andrea Pegorini, em entrevista à Gazeta do Povo. Segundo ela, a boa aceitação do Ibema Ritagli pela indústria de embalagens fez com que só em 2021 a fábrica de Embu das Artes reutilizasse 2,6 mil toneladas de papel reciclado. A meta da empresa é dobrar as cifras, revelou a gerente.

“Essas 2,6 mil toneladas de papel pós-consumo reutilizado foram a nossa contribuição em 2021. Nossa previsão para este ano é que 5 mil toneladas sejam utilizadas nas nossas linhas de produção. Esse é o nosso objetivo, fazer com que em 2022 haja 5 milhões de quilos de papel a menos nos aterros, nos lixões”, comentou.

"Florestas de aparas"

Todo esse volume deve ser processado pela fábrica da Ibema em Embu das Artes, São Paulo. Diferentemente da unidade de Turvo, onde a fábrica está instalada em meio a uma floresta plantada que provê fibras virgens de celulose para a fabricação de papéis, o centro paulista de produção está em meio a uma 'floresta de aparas' [de sobras de papel]”, como definiu Júlio Guimarães, diretor comercial da Ibema.

“Hoje temos, lado a lado, as já conhecidas florestas de árvores e uma imensidão de ‘florestas de aparas’, que tornam o lixo reciclável um verdadeiro tesouro. Elas diminuem o volume dos aterros e deixam de poluir a biodiversidade de rios e mares. Ao invés disso, esse tesouro se transforma em uma nova mercadoria”, disse.

Papel reciclado tem uma vasta gama de usos na indústria de embalagens

O desafio da indústria, mais do que garantir que essa “floresta de aparas” não vá para os aterros e lixões, é transformar esse material em um produto que seja viável para a indústria. Segundo Andrea, há duas décadas, quando o papel reciclado começou a ganhar espaço no mercado, o cenário era bem diferente do atual. “Se antes tinha problema na impressão, no corte, no vinco, na colagem, hoje é um material de plena aceitação no mercado. Nosso produto tem alta performance, compete de igual para igual com os cartões de fibra virgem”, comentou.

A gerente explicou que mesmo cumprindo todos os critérios de qualidade e segurança, os papéis produzidos com fibras de pós-consumo recicladas não podem ser utilizados em produtos que tenham contato direto com alimentos – uma restrição legal seguida à risca por toda a indústria, afirmou Andrea. Fora esta exceção, o papelcartão Ritagli vem sendo procurado por um número cada vez maior de fabricantes de embalagens.

“Esse papel pode ser utilizado em quaisquer outros produtos, como cosméticos, medicamentos, roupas, sapatos, até mesmo como embalagem secundária para alimentos, desde que haja uma outra embalagem protegendo o alimento. Tem espaço para todos os usos”, lembrou.

Reciclagem pode gerar economia às empresas

Fora os ganhos ambientais e o impacto positivo sobre a imagem da marca perante seu público, a reciclagem pode representar também economia para a empresa, com ganhos diretos, ligados à área tributária.

“Empresas que trabalham com resíduos, como aparas de plástico, papel, vidro, ferro ou aço, cobre, alumínio, níquel, chumbo, zinco ou estranho podem se creditar de PIS e COFINS na compra desses resíduos para o seu processo industrial. A economia pode ser de 9% a 9,5%”, explicou a advogada tributarista Regiane Esturilio.

Além disso, segundo ela, para empresas que também são contribuintes do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a depender do resíduo, também poderá haver um ganho direto com créditos de IPI correspondente à alíquota de saída de seus produtos acabados.

Papel pode ser reutilizado por até 7 vezes sem perda de qualidade

Andrea citou estudos recentes que garantem que a fibra de celulose pode ser reciclada por até sete vezes mantendo a mesma qualidade da matéria-prima virgem, obtida das florestas certificadas. “Alguns são mais ambiciosos e vão além, falam em 10, até 20 vezes. Mas vamos tomar essa base de sete ciclos de reciclagem. Em um mundo onde os impactos climáticos estão cada vez mais presentes, batendo à nossa porta, não podemos mais fechar os olhos. Qualquer recurso natural que se possa reinserir na cadeia produtiva vira uma contribuição significativa para a melhoria desse cenário. Essa é a verdadeira economia circular. A gente faz o material que ia para o lixo voltar à linha de produção, garantindo a mesma qualidade, por até sete vezes dentro desse ciclo de reciclagem”, concluiu.

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