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Clotilde Delbos, CEO da Mobilize, braço da Renault para mobilidade com carros elétricos.
Clotilde Delbos, CEO da Mobilize, braço da Renault para mobilidade com carros elétricos.| Foto: RODOLFO BUHRER / Divulgação Renault

Mudar a mentalidade da indústria automotiva e oferecer os veículos elétricos não como um bem, mas sim como um serviço é o ponto central do modelo de negócios da Mobilize. A empresa é o braço de mobilidade da montadora francesa Renault e apresentou mais detalhes de sua atuação durante no evento E-Tech 100% Electric Days, em São Paulo, semana passada.

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Nesta última reportagem da série sobre o papel do complexo industrial da marca no Paraná no plano de massificação de carros elétricos com investimentos de R$ 2 bilhões da Renault, a coluna Paraná S/A traz uma entrevista com a CEO da Mobilize, a francesa Clotilde Delbos.

A executiva explica as ações da Renault para que os carros elétricos se tornem protagonistas das ruas da América Latina nos próximos anos a partir do investimento de R$ 2 bilhões na nova plataforma de produção CMF-B no complexo industrial de São José dos Pinhais, na grande Curitiba. Além de produzir um novo modelo SUV e um novo motor 1.0, a plataforma terá tecnologia para fabricar modelos elétricos.

Porém, pontua Clotilde, há necessidade de se investir. Não só para popularizar o carro elétrico, como também para que a infraestrutura comporte essa nova realidade que, acredita a executiva, vai se consolidar mais rápido na América Latina, em especial no Brasil, do que foi na Europa, pela preocupação maior aqui com o meio ambiente.

>> SÉRIE ESPECIAL CARROS ELÉTRICOS DA RENAULT <<

Eu penso que a América Latina é onde serão dados os passos mais largos e mais rápidos em direção à mudança para os veículos elétricos. Na Europa, levou 10 anos para que chegássemos ao patamar atual de utilização de veículos elétricos. Tenho certeza de que essa transição se dará de forma mais rápida por aqui. Mas o ponto principal é tornar esses veículos mais acessíveis, mais baratos. E isso pode ser atingido com a produção local”, avalia Clotilde, lembrando que o complexo de São José dos Pinhais é a maior unidade da Renault na América Latina.

Carro elétrico é segunda opção

Quem busca um carro elétrico, segundo dados internos da Renault do Brasil das reservas do novo Kwid E-Tech, tem um renda média entre R$ 10 mil e R$ 20 mil mensais. Metade desses clientes se mostra comprometido com a sustentabilidade do veículo, já que possuem instalações de energia solar em casa.

“Na Europa a maioria dos motoristas já se convenceu da necessidade dessa mudança. Mas o medo de ficar na rua com a bateria zerada ainda assusta muitos motoristas. Por isso, quem tem condições acaba comprando dois carros. Um elétrico para usar na cidade e outro à combustão para viajar com a família e não ter que se preocupar se vai ter local para recarga no caminho”, aponta a presidente da Mobilize.

Apesar de o primeiro motivo para a compra ser o baixo custo de uso e a economia a longo prazo, a grande maioria dos clientes vê no carro elétrico uma segunda ou mesmo terceira opção de mobilidade. E mudar essa mentalidade, pondo o modelo elétrico como prioritário, é o grande desafio da Mobilize.

Apesar de também ter sido identificada por aqui, essa não é necessariamente a realidade da maioria dos consumidores brasileiros. O novo Kwid E-Tech com pintura especial, por exemplo, pode chegar aos clientes a R$ 149 mil. Já um Zoe zero quilômetro não sai por menos de R$ 239.990.

A Renault já oferece o serviço de carros por assinatura no Brasil sob a marca Renault On Demand, voltado para quem não quer ou não pode comprar um carro, em especial motoristas de transporte por aplicativo. Administrado pela Mobilize, o serviço foi escolhido pela Uber e pela Zarp Localiza para uma parceria que vai dar acesso a 200 Kwid E-Tech para motoristas do aplicativo em São Paulo.

Benefícios para os carros elétricos

Dependendo do perfil do motorista, mesmo quem não tem vínculo com aplicativos também pode se beneficiar de um Renault por assinatura. Para o serviço se popularizar e se tornar uma alternativa de mobilidade com menos poluição, avalia Clotilde Delbos, é preciso que os motoristas conheçam melhor essa opção e que o poder público ofereça benefícios para adoção dessa solução urbana.

Isso porque, reconhece a presidente da Mobilize, os preços do carro elétrico ainda podem ser vistos como proibitivos para boa parcela dos motoristas.

Clotilde Delbos, CEO da Mobilize, braço da Renault para mobilidade, acredita que com melhorias na infraestrutura de recarga os carros elétricos vão se popularizar no Brasil.
Clotilde Delbos, CEO da Mobilize, braço da Renault para mobilidade, acredita que com melhorias na infraestrutura de recarga os carros elétricos vão se popularizar no Brasil. | RODOLFO BUHRER / Divulgação Renault

“Sendo honesta, o veículo elétrico é sim mais caro. Por isso precisamos que as autoridades, as forças políticas percebam e entendam as vantagens do uso e do compartilhamento dos veículos elétricos. Esses benefícios precisam vir na forma não de dinheiro ou descontos, mas sim de infraestrutura", avalia Clotilde.

"Podemos dar esse incentivo, por exemplo, ao se criar uma faixa exclusiva para os veículos elétricos nas rodovias. Ou então dar gratuidade nos estacionamentos pagos das grandes cidades. Esses incentivos mostram muito mais resultados do que um possível subsídio na aquisição dos veículos”, compara a CEO da Mobilize.

Aplicativo gerencia recargas

Uma das maiores preocupações detectadas pela Mobilize com os novos motoristas de carros elétricos, tanto na Europa quanto na América Latina, é a respeito da recarga dos veículos. Diferente dos modelos à combustão, colocar um veículo elétrico novamente em funcionamento após esgotada a carga da bateria não é tão fácil quanto levar abastecer em um posto de combustíveis.

Para resolver esse problema, a empresa conta com um aplicativo, o Mobilize Charge Pass. O sistema mantém atualizado um cadastro de pontos de recarga espalhados pelo mundo – Brasil, inclusive. No Paraná há várias dezenas desses pontos, mais de 30 só em Curitiba e Região Metropolitana.

Pelo aplicativo é possível verificar o ponto de recarga mais próximo e reservá-lo. Assim, o motorista pode ter a certeza de que vai conseguir carregar o veículo sem que outro condutor entre na frente. O pagamento da recarga da bateria é por cartão de crédito.

“As pessoas ainda têm essa inquietação sobre a recarga. Muitas vezes o motorista pode não saber onde encontrar um ponto de recarga próximo. Isso faz com que as pessoas ainda vejam esse futuro de veículos elétricos como algo assustador. Mas quando uma pessoa experimenta a direção de um carro elétrico e tem a possibilidade de usar esse veículo, seja comprando ou compartilhando, não volta nunca mais para um carro à combustão”, argumenta a CEO.

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