
Ouça este conteúdo
“O propósito da novilíngua comunista é proteger a ideologia dos ataques maliciosos da realidade.” (Françoise Thom)
Eu e o Reinaldo nos conhecemos há exatos 35 anos. Na época, éramos esquerdistas, é claro. Até hoje guardo uma foto dos nossos tempos de movimento estudantil: contemplo a velha imagem em preto e branco, amarelecida pelo tempo, e vejo que mudamos muito. A começar pelos cabelos: eram compridos, hoje são ralos; eram escuros, hoje são grisalhos; eram rebeldes, hoje são pacíficos.
Acredito, sinceramente, que o Reinaldo, no fundo, continue sendo uma boa pessoa, gentil e afável como era aquele estudante cabeludo. De fato, há alguns meses nos encontramos no restaurante e fomos cordiais um com o outro.
Reinaldo teve sucesso na vida: conquistou altos cargos na universidade, é um professor cheio de títulos e honras, dono de um currículo respeitável. De minha parte, sou apenas um cronista caipira que ganha a vida escrevendo para os seus sete leitores.
Mas alguma coisa dominou o Reinaldo. Não apenas ele, mas milhões de pessoas semelhantes ao redor do mundo. E o nome disso que dominou tanta gente é ÓDIO.
Há 25 anos, diante de uma igreja incendiada, eu exorcizei esse monstro que devorava minha alma e entreguei minha vida nas mãos misericordiosas de Deus. Mas tudo indica que Reinaldo — assim como grande parte da minha geração — não se libertou daquela escravidão espiritual.
De tempos em tempos, a caixa de Pandora do ódio esquerdista é destampada em nosso mundo. O discurso de posse de Donald Trump foi um desses momentos.
Para meu ex-companheiro Reinaldo, assim como para aqueles que dominam as instituições da sociedade — mídia, universidade, cultura, justiça —, o mundo acaba de entrar em uma Idade de Trevas, em um período sombrio de opressão, mentira, violência e desespero.
Nesses momentos, ressurge no debate público uma falácia lógica conhecida como Reductio ad Hitlerum. A expressão latina foi cunhada pelo filósofo político Leo Strauss, em 1951, e se refere à tentativa de igualar adversários políticos ao líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, que governou a nação germânica entre os anos de 1933 e 1945.
Numa tradução livre e bem-humorada, podemos substituir Reductio ad Hitlerum por “todo mundo que não concorda comigo é igual ao Bigodinho”. (Curioso é que semelhante recurso argumentativo nunca é utilizado com o nome de genocidas igualmente letais, como Mao Tsé-Tung e Josef Stálin).
O bilionário Elon Musk, recém-nomeado secretário da Casa Branca, é a mais recente vítima do Reductio ad Hitlerum. E adivinhem, vocês sete, quem o chamou de nazista por levantar o braço durante o discurso? Meu ex-companheiro Reinaldo e milhões de militantes ao redor do mundo.
Não importa que gestos exatamente iguais tenham sido feitos por Obama, Hillary, Kamala, Bush e até a senhorinha devota da minha paróquia. Pela milionésima vez, não importa o que se fez, mas quem fez.
Lembram-se de Filipe Martins, que ajeitou o nó da gravata e foi chamado de “supremacista branco”, mesmo sendo filho de judeus e amigo do Estado de Israel? Os militantes esquerdistas seguem a mesma lógica dos traficantes que matam jovens por inadvertidamente reproduzirem o gesto de uma facção rival na internet: atiram antes e perguntam depois.
O mandamento supremo da mentalidade esquerdista (não me canso de repetir isto aqui) é a destruição do adversário político
Isso já estava lá no Manifesto Comunista de Marx e Engels, em 1848: “Confisco de bens dos emigrados e rebeldes”. Quem são os emigrados e rebeldes numa sociedade socialista? Aqueles que se opõem ao regime. E quais são os mais preciosos bens que eles possuem? A vida e a liberdade. É por isso que a esquerda defende — sempre defende — a censura e a eliminação dos seus oponentes.
Vou dizer aqui com todas as letras: o militante esquerdista, na mais caridosa das hipóteses, acha que o seu adversário político deveria estar preso. Não foi o que eles tentaram fazer com Trump, pretendem fazer com o Bolsonaro e já fizeram com os reféns do 6 de janeiro e do 8 de janeiro?
O militante esquerdista, em geral, vê a direita como o Hamas vê o Estado de Israel: como algo a ser varrido do mapa, “from the river to the sea”. É realmente uma palhaçada que um defensor do Hamas tenha a desfaçatez de rotular seus inimigos políticos como nazistas.
A melhor síntese do ódio esquerdista despertado pela ascensão de Trump veio de parlamentar que atende pelo nome de Erika Hilton (PSOL-SP):
“Trump volta ao poder com uma agenda que ameaça os direitos humanos, a diversidade e o próprio futuro do planeta. Sua retórica autoritária e suas políticas retrógradas representam retrocessos para conquistas fundamentais. Não podemos silenciar diante do avanço do autoritarismo, das mentiras e dos avanços de agendas reacionárias. Seremos atacadas, mas é hora de partir para a ofensiva e coordenar uma resistência global de defesa intransigente das democracias, da dignidade humana e de um mundo mais justo. Que sigamos unidos contra qualquer ameaça aos nossos direitos”.
Não por acaso, Erika pertence ao Partido Socialismo e Liberdade (algo assim como, em termos geométricos, círculo quadrado, ou, em termos brasileiros, inteligência militar). Curiosamente, a melhor resposta para essa declaração de guerra veio de outra Erica, a professora Erica Gorga:
“O discurso de Donald Trump resgata valores fundamentais da civilização cristã ocidental, que estavam sendo relativizados e destruídos. Liberdade de expressão, proibição da censura, Justiça imparcial sob o Império da Lei, coerção e ordem pública para o combate da criminalidade e banimento da reengenharia social de raça e de gênero que exclui o mérito individual de cada cidadão pela política segregacionista de cotas. Se pararem para refletir, todos esses princípios estão contidos no livro mais antigo e mais lido do mundo, cuja apresentação é totalmente dispensável aos cidadãos brasileiros”.
O nome Érica vem do dinamarquês e significa “poder eterno”. A quem se dá esse poder? Somente a Deus. No plano das realidades humanas, podemos fazer nossas escolhas:
De Erica, o Cristianismo. De Erika, o socialismo.
De Erica, a liberdade. De Erika, a censura.
De Erica, a realidade. De Erika, a ideologia.
De Erica, o voto popular. De Erika, a ditadura.
De Erica, o Império da Lei. De Erika, a perseguição nos tribunais.
De Erica, a anistia. De Erika, a vingança.
De Erica, América. De Erika, Amerika.
Poucas vezes ficaram tão nítidas as diferenças entre a direita e a esquerda quanto em nossos dias. Mas, por via das dúvidas, caso eu encontre por aí o Reinaldo ou algum de meus ex-companheiros de esquerda, não levantarei o braço em saudação. O seguro morreu de velho.
Canal Briguet Sem Medo: Acesse a comunidade no Telegram e receba conteúdos exclusivos. Link: https://t.me/briguetsemmedo
Conteúdo editado por: Aline Menezes




