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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Argentina

Javier Milei e a ressurreição da direita

Javier Milei, fotografado durante discurso no Paraguai em setembro: presidente roqueiro.
Milei, o “louco” argentino, triunfa onde a esquerda fracassa: corta gastos, controla inflação e prova que a direita governa com resultados. (Foto: Eduardo Velázquez/EFE)

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“Jamais peça desculpas diante de uma multidão sedenta de sangue.”
(Jordan Peterson)

Diziam que ele era um delírio argentino. Um libertário de rede social, um economista de hospício, um doidivanas de costeletas pronto para destruir a Casa Rosada com uma motosserra. ¡Viva la libertad, carajo!

Falava com cães mortos, lia Mises em voz alta, gritava contra a casta como quem anuncia fogo na floresta. Sua biografia parecia um roteiro de seriado. Sua vitória, uma impossibilidade estatística.

Mas Javier Milei venceu. E não apenas venceu — governou. E não apenas governou — cortou. E não apenas cortou — voltou a vencer.

Enquanto os militantes de redação, arautos da esperança esquerdista, preparavam suas manchetes fúnebres, Milei — o impensável, o impronunciável, o impalatável — conquistava o primeiro superávit primário dos últimos dez anos. Conseguia o que ninguém havia conseguido: fazer a Argentina parar de sangrar sem precisar pedir desculpas por isso.

Os economistas sérios não riram; começaram a fazer as contas. Dez meses de governo, seis de superávit primário. A inflação, que subia como um foguete de Elon Musk, agora desce como um meteoro: de 25% ao mês para menos de 3%. Milei cortou ministérios, salários, obras, subsídios — e ninguém o viu pedir desculpas. As reservas internacionais voltaram a apresentar sinais vitais. E o povo — bem, o povo respondeu nas urnas não eletrônicas. Cédulas de papel, apuração manual. Que país atrasado!

Do outro lado da fronteira, o Brasil caminha firme — para o abismo. Enquanto Milei enxuga, Lula incha. Enquanto a Argentina corta ministérios, o Brasil cria novos impostos a cada 37 dias, com a regularidade de quem toma antibiótico já sem efeito.

O rombo nas contas públicas já passa de um trilhão. As estatais, em vez de darem lucro, dão lição de como afundar com gosto. Os juros seguem altos, as falências batem recordes, o endividamento da população é uma catástrofe anunciada. E 94 milhões de brasileiros dependem de bolsas do governo.

Não é rede de proteção — é rede de captura. O colapso fiscal bate às portas e deve estourar no colo de quem estiver no poder em 2027. Em breve, faltarão recursos para aposentadorias, hospitais, escolas, segurança, salários. Mas Brasília continua sorrindo em cadeia nacional.

A esquerda brasileira assistiu à vitória de Milei com choro e ranger de dentes. Primeiro foi o susto, depois o silêncio catatônico; por fim, as análises melancólicas nos tuítes e podcasts. Diziam que Milei não duraria. Que o povo se voltaria contra os cortes. Que o “ódio não se sustenta”. Mas lá está ele: superavitário, legislativamente fortalecido, popular e triunfante.

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Javier Milei se tornou o nome daquilo que Brasília não consegue nomear. Para o Brasil, sua vitória avassaladora e triunfante é uma mensagem claríssima: a direita faz o que precisa ser feito, a direita funciona, a direita tem razão

Para a casta esquerdista que nos governa, Milei é um fantasma apocalíptico — uma advertência ao regime PT-STF: se o jogo for limpo, a direita vencerá. E é exatamente por isso que eles querem fazer, em 2026, a eleição mais suja de todos os tempos.

Neste fim de semana, Lula soltou — ou melhor, entregou — mais um bordão de bazófia: “Rei morto, rei posto.” Referia-se a Bolsonaro, claro — o inimigo de sempre, o fantasma preferido. Mas o que a vitória de Milei mostrou ao continente é que certos mortos não descansam. Pairam. Espreitam. Voltam.

Churchill, que sabia das guerras e das farsas, dizia: “A diferença entre a política e a guerra é que, na guerra, só se morre uma vez”. Na política, morre-se em manchetes e ressuscita-se em votos.

Rei morto, rei posto? Talvez. Mas, às vezes, rei morto é rei ressuscitado.

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