Ouça este conteúdo
“Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” (Lc 6, 27-31)
As palavras de Jesus no Evangelho de São Lucas, que ouvimos na missa deste domingo, 23, estão entre as mais impactantes de toda a Sagrada Escritura, e marcam uma diferença fundamental do Cristianismo em relação a outras religiões. Desejar o bem a quem nos faz o mal parece ser algo que está acima das capacidades humanas; e está. A única maneira de seguir esse preceito é esperar que a graça de Deus se derrame sobre nós.
Quando Cristo afirma que devemos amar nossos inimigos e rezar por aqueles que nos perseguem, ele não está sugerindo, de maneira alguma, que podemos permanecer omissos diante do mal.
A própria imagem de “oferecer a outra face” impõe que nos esforcemos para que o mal revele a sua própria natureza absurda — e é precisamente isso que aconteceu no Calvário.
Portanto, não há como ficarmos calados diante do massacre de cristãos que aconteceu entre 12 e 15 de fevereiro, na República Democrática do Congo, numa aldeia da província de Kivu do Norte, onde mais de 70 cristãos foram assassinados por terroristas islâmicos do grupo Forças Democráticas Aliadas.
Entre as vítimas, havia mulheres, crianças e idosos, muitos deles amarrados e decapitados. Os corpos foram encontrados dentro de uma igreja protestante.
O massacre ocorre em meio a uma crescente onda de violência contra cristãos no país africano abalado por uma guerra civil. Segundo a organização cristã Portas Abertas, no ano passado, 355 cristãos congoleses foram mortos por causa de sua fé, em comparação com 261 em 2023.
O caso da República Democrática do Congo não é isolado. No mundo inteiro, cerca de 360 milhões de cristãos sofrem algum tipo de perseguição. De longe, o Cristianismo é a religião mais perseguida na atualidade.
O que me espanta é o silêncio do mundo. Poucos foram os veículos da mídia internacional que noticiaram o massacre recente. Mas nós, cristãos, não devemos ficar passivos diante da atrocidade.
O massacre dos cristãos congoleses me faz lembrar as belíssimas palavras do poeta russo Joseph Brodsky, ganhador do Nobel de Literatura, numa palestra a estudantes americanos, em 1984. Na ocasião, Brodsky faz uma leitura inteligentíssima e teologicamente irrepreensível da passagem do Evangelho citada acima.
Lidos na íntegra, os versículos nada têm a ver com a passividade diante do mal. Segundo Brodsky, as palavras de Jesus sugerem que o mais necessário é revelar a verdadeira face do mal, em todos os seus excessos e absurdos.
Disse o poeta: “Quero lembrar aqui que não estamos tratando aqui de uma situação que envolva uma luta justa, em condições de igualdade. Estamos falando de situações nas quais nos encontramos desde o início numa posição inevitavelmente inferior. Ao avançarem o rosto com a face voltada para o inimigo, vocês devem saber que isto é apenas o início de sua provação”.
Hoje os cristãos do mundo inteiro têm o dever de expor a natureza do mal representado pelo terrorismo islâmico e revolucionário
Não é porque as nossas faces estão, ao menos por enquanto, protegidas do terror que temos o direito de silenciar diante do sofrimento de nossos irmãos espalhados pelo mundo.
Ao mesmo tempo, é importante lembrar que o massacre físico muitas vezes é precedido pela perseguição cultural e estatal. Em nosso país, temos visto vários exemplos desse tipo de perseguição, como o ataque à Canção Nova, a denúncia contra a cantora Claudia Leitte por trocar o nome de Iemanjá pelo nome de Jesus, os absurdos da ideologia woke e os vilipêndios contra a fé católica.
Se não houver uma reação firme a essa escalada mortal, a maré de sangue chegará até mim, até você, até aqueles que você ama.
Canal Briguet Sem Medo: Acesse a comunidade no Telegram e receba conteúdos exclusivos. Link: https://t.me/briguetsemmedo
Conteúdo editado por: Aline Menezes