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Entrevista – Apanhador Só: “o segundo disco será mais mal-humorado”
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Depois de shows no Teatro do Paiol e na Sociedade 13 de Maio, esta será a primeira vez que a banda gaúcha Apanhador Só irá tocar em um lugar aberto ao público em Curitiba. É o que acontece amanhã nas Ruínas de São Francisco, a partir das 20h40. Mas hoje eles já marcam ponto, às 20 horas, no Teatro SESI São José dos Pinhais, que ainda cheira a novo.

Alexandre Kumpinski, vocalista e guitarrista, falou sobre os shows na cidade e deu pistas sobre a sonoridade do novo disco do grupo. Com produção de Gustavo Lenza (Céu, Lucas Santtana e Rodrigo Campos) e Zé Nigro (Curumin), o lançamento está previsto para maio. “O que permeia o álbum não é algo tão solar. Não está tão azul.”

O que prevê para o repertório dos shows em Curitiba?
Ainda o disco antigo. Talvez role uma ou outra novidade, mas o cerne é o primeiro disco mesmo.

Em que pé está o novo álbum?
Em fase de masterização, nos Estados Unidos. Não recebemos ainda nenhuma versão masterizada, não ouvimos, mas estamos curiosos demais.

O disco foi gravado onde?
Em três lugares. Principalmente no estúdio Navegantes, em São Paulo. Um dos sócios é o Zé Nigro. Também gravamos em uma casa em Gravataí (RS), em uma região semi-rural. Depois disso, fizemos uma semana de gravações na sala da minha casa, em Porto Alegre. Foi um arremate. Gravamos backing vocals, percussões, e uma coisa importante: as ambiências naturais da casa, algo específico. Foi uma espécie de laboratório para alcançar algumas sonoridades que queríamos.


Tem tudo a ver com vocês.
É, a gente percebeu que esse momento de criação no ambiente caseiro é muito importante para alcançar resultados mais próprios. No estúdio, é “1,2,3, travando!”, rola certa pressão. Às vezes é bom fazer de um jeito mais “errado” para conseguir alcançar um tipo de som único. Mas certas coisas precisam ser bem gravadas, fazemos certinho também.

Quantas músicas são?
12. Mas nós gravamos 14.

E a sonoridade, para onde está indo?
Talvez seja um divisor de águas na nossa discografia. O segundo disco está vindo mais carregado, mais cheio de ruído, mais crítico talvez. É mais mal-humorado do que o primeiro. O que permeia o álbum não é algo tão solar. Não está tão azul.

Que cor agora?
Tá mais para o vermelho.

Nas letras também?
Sim, em tudo. A estética toda. Está mais desgostoso.

Como foi gravar com outro baterista [saiu Martin Estevez e entrou André Zinelli]?
Foi diferente, com certeza. Não sei pra que lado… foi curioso, mas muito bom trabalhar com o André. Vai dar pra ver que é um disco com outro baterista mesmo. Mas o disco em si está diferente. Eu quase não toco guitarra, é mais violão. A instrumentação é mais plural, não tem tanta bateria. É outra coisa, mas encarei tudo isso como algo bem positivo.

E não rolou a síndrome do 2° disco?
Não, não. Talvez porque a gente passou pela experiência do acústico-sucateiro, um sub-álbum. Mergulhamos num processo de criação, todos, então não tivemos essa preocupação. Fomos bem livres para criar.

As composições que estarão no segundo disco são recentes?
A mais antiga que entrou, que a gente vinha tocando nos shows, foi “Torcicolo”. O resto é tudo música nova. A princípio queríamos que “Paraquedas” e “Salão de Festa” estivessem no álbum, mas tínhamos tanta coisa nova que deixamos pra lá.

E o crowdfunding deu muito certo então?
Sim, foram 50 dias de arrecadação. Queríamos R$ 44 mil, arrecadamos R$ 59 mil. Fizemos 40 shows na casa das pessoas, algo espetacular, muito bom mesmo. Foi menos constrangedor do que eu esperava e contribuiu muito, porque estamos há dois metros das pessoas, trocando ideia, interagindo. Em Curitiba ainda vamos fazer dois shows desses, talvez aproveitemos essa oportunidade.

Quando sai o disco novo?
A previsão é que em maio ele seja lançado na internet. Já começamos a fazer a nova turnê em junho.

Tem nome?
Ainda não. É uma dificuldade tremenda fechar nome de música, de disco…

Vai ser a primeira vez de vocês em um lugar aberto em Curitiba…
Eu gosto mais de tocar ao ar livre, em lugares públicos, do que em teatro. Há uma interação legal, com a própria cidade. Uma mágica que dá liga ao show. Vai ser gostoso.

Em Porto Alegre vocês e outras bandas costumam fazer intervenções pelas ruas. Aqui, recentemente, discute-se a ocupação do espaço público. Que acha de toda essa história?
Acho que estamos um pouquinho mais à frente nessa questão mesmo. Encaro como um posicionamento político, ir às ruas e fazer delas um espaço de todos e não de ninguém. É o lugar mais democrático que podemos ter. E não é só ir para a rua e gritar, se manifestar. Mas viver, conviver. De uns tempos para cá, as pessoas optaram por um medo, encaram a rua somente como lugar de passagem. Shows e manifestações são importantes nesse sentido. Fazem com que as pessoas possam se encontrar.

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