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Entrevista: o retiro da banda Sabonetes
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Foi uma espécie de retiro musical. Para começar a compor seu segundo disco, a banda Sabonetes passou sete dias em um sítio a 40 quilômetros de Curitiba. “Um lugar silencioso, lindo e sem fumaça”.

O quarteto curitibano, atualmente formado por Artur Roman (vocais e guitarra), João Davi (baixo), Alexandre Caja Guedes (bateria) e Wonder Bettin (guitarra) é mais um dos grupos surgidos nos corredores do campus de Comunicação da Universidade Federal do Paraná – mais sobre isso aqui.

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Alexandre Caja, Artur Roman, João Davi e Wonder Bettin: são atração do Lupaluna

O primeiro disco do grupo – homônimo, lançado em 2010 e relançado meses depois pelo selo de Rick Bonadio – conquistou o público adolescente por seu apelo pop. Mas a sonoridade para o novo trabalho deve mudar. “Temos 13 músicas novas. São muito boas e diferentes das coisas que já fizemos”.

Em entrevista exclusiva ao Pista 1, Artur e Wonder contam um pouco mais sobre esses dias bucólicos e criativos. Também Revelam que o novo CD deverá ser produzido por Tomás Magno e Kassin, e, de lambuja, falam sobre a apresentação da banda no Festival SWU, em 2011. Às falas.

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Tudo bem por aí? Estão ouvindo algo nesse momento?
Artur: Tudo certo. E por aí? Neste exato momento estamos escutando as prés que gravamos no sitio.

Vocês estavam em uma espécie de “retiro” para começar a compor o novo álbum, é isso? Expliquem essa história, por favor.
A: É mais ou menos isso. Já tínhamos algumas músicas prontas, outras semi-prontas e muitas ideias pra desenvolver. Então resolvemos nos “retirar” em um lugar para ensaiar e organizar todas essas idéias.

Quanto tempo vocês ficaram por lá?
A: Sete dias. E devemos voltar pra lá em breve.
Wonder: Foi bom, mas foi pouco.

O local era inspirador? Não tinha tanta fumaça como em São Paulo, aposto.
A: Era um sitio a 40 km de Curitiba. Um lugar silencioso, lindo e sem fumaça. Foi ótimo para limpar os pulmões e a cabeça.

Como era a rotina na casa?
A: De manhã era cada um por si. O Caja voltava para Curitiba, o João dormia e eu e o Wonder líamos. Os ensaios começavam depois do almoço e atravessavam a tarde, a noite e a madrugada.

Havia algum tipo de regra/código?
W: Uma sala de ensaio pode parecer bastante bagunçada, com tanto cabo e instrumentos pelo chão, e isso não tem como evitar. Então uma regra importante era manter o ambiente minimamente organizado para que as idéias tivessem espaço pra correr.

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Wonder Bettin no sítio. “Mas poderia ser na praia ou no deserto”.

Bom, o Red Hot Chili Peppers foi até uma casa dita mal-assombrada para compor Blood Sugar Sex Magik; Los Hermanos se retirou para escrever 4; e recentemente Pitty e Martin se isolaram para gravar boa parte do disco Agridoce. Por que o artista, em algum momento, busca inspiração em um lugar distante ou diferente?
A: Acho que cada um tem seus motivos para se isolar. No nosso caso precisávamos de concentração total nas músicas novas. Sem as distrações do dia a dia. Não escolhemos o sítio por um motivo específico. Apenas precisávamos de um lugar isolado da nossa rotina. Não quer dizer que as músicas novas vão soar necessariamente campestres e bucólicas. Poderia ter sido em uma praia ou no deserto.
W: No nosso caso não tem muito a ver com inspiração, as músicas surgem mesmo é no mundo real.O isolamento é só um anti-facebook.

E qual foi o resultado? Já dá pra ter uma ideia?
A: Temos 13 músicas novas. São muito boas e diferentes das coisas que já fizemos e entre si. Estamos muito felizes com o resultado.
W: Felizes mesmo. Mas queremos compor algumas mais.

A banda assumiu uma postura pop, fazendo muito sucesso com o público adolescente. Isso foi, de certa forma, resumido no primeiro disco. O segundo álbum deve caminhar no mesmo sentido ou haverá mudanças na sonoridade da Sabonetes?
W: Acho que isso é muito reflexo da produção do primeiro disco, da estética anos 90 que ele tomou. O segundo disco vai mudar, claro. E também o terceiro, e o quarto…

Aliás, o que é ser pop para vocês?
A: Pop não é um estilo musical. Vem de “popular”. Sem ser pejorativo, mas com o sentido de que agrada as pessoas. Beatles é pop. Michel teló também é.
W: Nirvana também. Acho que a música pop tem a ver com Zeitgeist. Vira um fenômeno quem conseguir capturar numa canção o espírito de seu tempo, o que há em comum no coração de cada pessoa, indie ou sertaneja. É algo difícil, muito difícil. Eu não sei como fazer.

Quais os próximos passos agora? Já há previsão para a produção/ produtor e lançamento do disco?
A: O plano é gravar em março/abril e lançar na primeira metade do ano. Pensamos em fazer este disco com mais de um produtor. Talvez aconteça. Estamos conversando com o Tomás Magno e o Kassin.

Como vai a vida em São Paulo? Vocês acreditam que bandas curitibanas ainda precisam se mudar para a “metrópole” para dar certo?
A: Ultimamente temos viajado bastante e não voltamos pra são Paulo já faz um tempo. Estou com saudades da nossa casa e dos amigos.
Quanto à necessidade das bandas se mudarem pra são Paulo, acho que nunca foi preciso. Na verdade depende do que é “dar certo”, do que a banda quer. Tem muitas bandas incríveis em Curitiba que estão realizadas fazendo o que fazem. Assim como nós estamos realizados fazendo o que fazemos.
W: Nunca precisou. Não existe regra.

Como foi a experiência em tocar no SWU, ano passado? É importante para bandas nacionais e em começo de carreira, mesmo que o horário para tocar não seja dos melhores? – o Lobão desceu o pau no Lollapalooza exatamente por causa disso.

W: Foi demais, cara! E é importante sim. Sobre os horários, acho que o Lobão tem alguma razão. Nós tocamos num horário pertinente. Mas vi a confusão com a Ultraje a Rigor, que teve seu horário prejudicado tocando antes do Peter Gabriel. A Ultraje deixou o público simplesmente ensandecido, o Peter fez um bonito show…

Topariam tocar no Faustão?
A: Muito.
W: Certamente.

A quantas anda o projeto Naked Girls & Aeroplanes [Artur Roman, Wonder Bettin e Rodrigo Lemos)?
W: Gravamos as músicas em casa, é outra pegada. Vamos lançar uma nova em fevereiro e tem show marcado pra junho. Bora marcar uma entrevista?

Como se imaginam daqui a 10 anos?
W: Fazendo música. Acredito que em 10 anos o download pago será uma realidade, o Brasil será a terceira economia do mundo, mas já sentindo o fim de um ciclo de 15 anos de crescimento, a expectativa de vida média mundial será de 95 anos, o Luciano Hulk e a Angélica estarão divorciados, Curitiba elegerá mais uma prefeitura de direita.

A: Morando num trailer no deserto americano. E tocando country music.

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