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Os melhores discos de Curitiba em 2013
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Com um delay proposital de uma semana – vai que algum álbum tenha ficado esquecido nos armários da memória –, este blog apresenta a lista dos cinco melhores discos curitibanos do ano de 2013 depois de Cristo.

Interessante ver que o pequeno apanhado é eclético, no bom sentido. Sinal de maturidade da, vamos lá, cena local, que viu uma rapper do Boqueirão despontar mundo afora; sinal de amadurecimento e profissionalismo, principalmente em relação ao disco campeão; e de boas expectativas para os próximos anos – décadas? – tendo em vista a relação produção/idade do segundo colocado. Sem mais delongas, eis a lista:

5. Beyond Frequency – Man Alone With Himself

Vários projetos musicais com cara de pós-rock surgiram na cidade cinza no ano passado. A Beyond Frequency fugiu de características ortodoxas do gênero, como linhas melódicas etéreas e alternância entre catarse e calmaria, para injetar vigor e peso. O EP Man Alone With Himself, com cinco músicas, lançado em junho, poderia ser a base de um bom disco de heavy metal, por exemplo. Guitarras lancinantes — ouça “Forgiveness” (Root of All Evil)” – e a síncope generalizada em “Redemption” são os destaques do quinto lugar.

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Ouça e baixe aqui.

4. Cacique Revenge – Cacique Revenge

Curitiba tem groove. O mais novo projeto do incansável Cassiano Fagundes — Bad Folks, Cassim & Barbária e Magog – surpreendeu pela verve sexy, despudorada e ensolarada. Como o grupo definiu em uma entrevista para este jornal, a banda faz “entretenimento para adulto”. No EP de cinco músicas em inglês e português, vão do bom e velho rock-and-roll a temas que voltaram a ser moderninhos, como o afrobeat. É como se, na Trajano Reis, o Jesus & Mary Chain tivesse dado um encontrão em Vampire Weekend. A leveza segura de “Catastrofismo”, com direito a “tchubás tchubás”, é um bom resumo de toda a proposta.

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Ouça e baixe aqui.

“Alguns querem aparecer e estourar a qualquer custo.” Leia entrevista com a banda aqui.

3. Karol Conka – Batuk Freak

Do Boqueirão para o mundo. Karol Conka foi longe com Batuk Freak. Abriu as portas para o rap em Curitiba, cidade que perigosamente estava perto de ser reconhecida como berço de bandas de rock bom-mocista. Batuk Freak consegue captar o deboche controlado e a sensualidade marginal de Karol, que não foge das raízes do gênero (a crítica social e a crônica da periferia) ao mesmo tempo em que o reinventa quando canta sobre as batidas espevitadas de Nave. “Gandaia” e “Boa Noite” tocaram a gastar, mas o álbum reserva surpresas como a lisérgica “Mundo Loco” e a suingada “Sandália”. O reconhecimento já chegou. Karol Conka ganhou o prêmio Multishow na categoria Revelação; está presente na trilha sonora do FIFA 14 – com a música “Boa Noite”; carimba também uma propaganda da Adidas; e foi escolhida pelo jornal britânico The Guardian para representar a música de Curitiba, em uma matéria sobre os sons e estilos de cada cidade sede da Copa do Mundo de 2014.

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Ouça aqui.

Leia o perfil de Karol Conka aqui.

2. Veenstra – People and the Woods

Acredite: Veenstra é um caso sério. Lorenzo Molossi, o piá por trás do projeto, já havia impressionado ouvidos atentos quando do lançamento de Journey to the Sea (2012) e Six Months of Death (2013), capítulos iniciais da épica e profunda trilogia que se encerrou com People and the Woods, álbum merecedor da medalha de prata. Se nos registros anteriores viajou – literalmente — entre o dream pop e o pós-rock, com uma ajuda do lo-fi de Phil Elvrum, no último álbum dá vez a melodias consistentes. Veenstra canta mais  – são vocais sussurrados e muito coerentes. “The Moor” é o maior exemplo da transição daquilo que tinha cara de experimental para algo potencialmente grandioso. Também é dele uma das melhores músicas do ano, a incrível e triste “I’m Sorry, I’m Lost”. Como muita gente, aposto, fico imaginando como deve ser ver Veenstra ao vivo, com uma banda completa à disposição. Porque, se você ainda não sabe, o dono do segundo melhor disco da cidade em 2013 grava seus álbuns em seu quarto, sozinho, ao melhor estilo curitibano.

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Ouça aqui.

Leia mais sobre Veenstra aqui.

1. Audac — Audac

Não tinha mesmo como dar errado. Com Gordon Raphael na produção e uma banda sofisticada no estúdio, era só esperar. O disco da Audac elevou o patamar do que se entendia por profissionalismo musical para bandas de rock em Curitiba. O produtor dos Strokes acertou a mão a valorizar a organicidade da banda, que ao vivo soa encantadoramente natural, ao invés de investir na programação eletrônica. O grande álbum do ano na cidade, aparentemente, tem ar pop e despretensioso, e ao mesmo tempo nos faz manifestar algo de incontornável – a vontade de dançar? a hipnose redentora à postura do duo Debbie e Alyssa? o clima urbano e universal que ressoa em cada acorde? Não se sabe, mas é assim.

Espero mesmo que “Distress” seja lembrada daqui a muitos anos como uma baita hit. Que o refrão de “Brian May Coin” esteja na trilha de algum daqueles filmes clichês, mas muito legais, e que “Esprit” seja remixada mundo afora. Porque a Audac se tornou gigante com um disco certeiro.

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Ouça Audac aqui.

“Eles mandam ver como Sonic Youth às vezes, e suas músicas são objetivas e fortes. Às vezes mágicas.” Leia entrevista com o produtor Gordon Raphael aqui.

A resenha do disco da Audac você encontra aqui.

2014, estamos de olho.

 

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