• Carregando...
QUO VADIS
| Foto:

Sandálias franciscanas, Sete Vidas, Melissa, Conga, Dockside, Mocassim, Botinha Dr. Scholl, Havaianas, Alpargatas Roda, All Star, Louboutin, Kichute, Vulcabrás, o sapatinho de cristal da Cinderela, Ortopé, Bamba, Nike, Chanel, que deixa o calcanhar à mostra.

Todos têm guardados na memória experiências, alegrias, frustrações, sonhos – ou simples lembranças – que remetem a um estilo de calçado. Bolhas causadas pelo par estreado no dia da festa, unhas amassadas por bicos excessivamente finos, quem se importa quando o prazer de estar na moda supera os padecimentos físicos? E obedientes aos nossos desejos lá vão os pés de um lado para outro – às vezes até dando uma reclamadinha – acomodados em formas determinadas pelo modelo da temporada, pela agenda social ou pelas exigências do mercado de trabalho.

Como surgiu ao mesmo tempo do que a roupa, o calçado acompanhou passo-a-passo a evolução do vestuário – desde os primórdios da civilização quando ambos tinham a função de proteger o corpo contra ameaças externas até serem fabricados para combinar com as características de um traje aguçando, como esse, vaidades e desejos.

Divulgação
O verão 2012 de Ana Paula Zampieri passeia pelo tropicalismo, na feminilidade e nos blocos geométricos

E assim continua sendo… Para dois curitibanos, Jefferson Kulig e Ana Paula Zampieri, os sapatos têm uma importância que extrapola a necessidade de deixar os pés confortavelmente abrigados.

Divulgação
Sapato para acompanhar os passos da mulher contemporânea.

Ana Paula Zampieri é designer de sapatos. Mas antes de assumir a sua paixão por eles, foi arquiteta e cursou História da Arte, Design de Móveis e Design de Vitrines, na escola Arte Sotto Un Tetto, em Florença, na região da Toscana, na Itália. Foi quando se enamorou pelo design dos sapatos italianos e resolveu aprofundar sua paixão matriculando-se na Escola Oficina Centro de Formazione Profissionale, onde aprendeu todos os segredos de fazer calçados. Mesmo preparada adiou o “casamento” com a sua paixão.

De volta ao Brasil, prosseguiu sua carreira na arquitetura – chegou a participar inclusive de mostras de decoração, como a Casa Cor/PR e a MDI, de Londrina. Em 2007, Ana Paula retomou seus estudos, agora com o foco na moda, e dois anos depois, resolveu finalmente dizer “Sim!” à sua paixão.

Lançou marca com o seu próprio nome desenvolvendo modelos que graças à sua percepção de arte, moda e arquitetura aliam o conforto à ousadia. Hoje os seus pares são encontrados em lojas multimarcas sofisticadas em todo o país – em Curitiba, nas lojas Capoani.

Jefferson Kulig é o representante paranaense na passarela da São Paulo Fashion Week, onde estreou em 2003 com uma novidade extra: a sabota, uma mistura de sapato e bota. Uma fórmula que considerou ideal para acompanhar as roupas que assina a cada temporada. Diz ele, “o calçado faz parte da imagem que crio para a mulher em minhas coleções.”

Divulgação
Sabota com salto de Jefferson Kulig.

Não poderia ser diferente. Espírito irrequieto e não conformista no ambiente da moda, Jefferson Kulig optou inclusive por desenvolver seus próprios tecidos para que estes “vestissem” a mulher contemporânea, segundo o seu conceito: com atemporalidade, feminilidade e praticidade – eles não amassam e acentuam discretamente os contornos da silhueta. Nos seus pés, sapatos que não precisam ser abotoados ou afivelados. Inspirados em calçados ortopédicos – tem modelo mais confortável? – a série hoje inclui sabotas curta, longa, com salto e em vários materiais.

Divulgação
Inspiração na bota ortopédica, conforto para Kulig.

INFORMAÇÕES EXTRAS

Alpargatas Roda e Sete Vidas: eram feitos de lona, a Roda tinha solado de corda, e a Sete Vidas, de borracha. A Roda era bordada em casa com fios coloridos por mãos prendadas. A Sete Vidas, como o nome indica tinha um gato representando a principal qualidade do produto – “que dura sete vezes”, afirma o felino, estampado na embalagem do calçado. A Alpargatas Roda surgiu em 1907 quando o escocês Robert Fraser abriu uma fábrica de lona em São Paulo. Calçou colhedores de café. Desaparecidos do mercado? Nem tanto, basta uma circulada pelos shoppings para perceber que releituras destes dois modelos lhes dão fôlego no vai e vem da moda.

– O 752, da Vulcabrás, teve políticos polêmicos como garotos- propaganda. Leonel Brizola e Paulo Maluff ostentavam nas telinhas da televisão seus modelos enaltecendo “as qualidades do produto brasileiro” em tempos de internacionalização.

-Ortopé tem um dos jingles publicitários mais conhecidos: “Ortopé, Ortopé, tão bonitinho”. A marca nasceu em Gramado, no Rio Grande do Sul, em 1952 e foi comprada pela Paquetá, em 2007. Em agosto deste ano, a Paquetá fecha sua fábrica de produtos para exportação em Sapiranga, no Rio Grande do Sul, e transfere esta unidade para a República Dominicana, “para manter a competividade industrial e continuar crescendo”, justifica sua diretoria.

-Louboutin briga na justiça com a brasileira Carmen Steffens pela exclusividade de ter o vermelho nas solas dos seus modelos.

-Quo Vadis, expressão latina Aonde Vais?, título do romance de Henryk Sienkiewicz, que tem como cenário Roma Antiga, governada por Nero. Claro que o livro virou filme premiado em Hollywood na década de 50. Nos últimos parágrafos da obra, o autor justifica o seu título. –“Quo Vadis” , pergunta Pedro na Via Ápia a Jesus, que lhe aparece. E Jesus responde: -À Roma para ser crucificado”. Pedro, que estava indo por outro caminho amedrontado pelas atrocidades cometidas contra os primeiros cristãos, entende a mensagem e volta para ser martirizado em nome de sua fé. Pedro, o primeiro Papa. O Papismo inspirou outra obra, esta de Morris West, As Sandálias do Pescador. Sandálias, palavra que começa este post.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]