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Chico Buarque
Ao lado da nata da intelectualidade mundial Chico “Cale-se” Buarque recebe o Prêmio Camões.| Foto: Ricardo Stuckert/PR

Chico Buarque quer impedir um perfil do Twitter que ele considera de extrema direita de usar a música “Cálice”. De acordo com a concorrência, entrou na Justiça e tudo. O perfil, no caso, é o @rua_direita. Que usou a música de protesto, composta em 1973 pelo bardo terceiromundista e Gilberto “Ou não” Gil, para falar dos presos políticos e das muitas, muitas, muitas, muitas (muitas) arbitrariedades do Judiciário contra os militantes direitistas, conservadores ou bolsonaristas – chame como quiser.

Donde se conclui, sem nem uma gotinha de brilhantismo, que o trocadilho profano “Cálice/Cale-se” servia apenas para defender a patota comunistinha da qual o aristocrático Buarque (e ainda por cima de Hollanda!) faz parte. Que figuras patéticas são essas que compõem o panteão dos gênios nacionais, hein?

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Buraco negro
Em “Desconstruindo Harry”, de Woody Allen, se não me falha a memória falha, há uma piada impublicável com “buraco negro”. Um daqueles chistes existenciais lá dele. Anielle Franco, alçada à condição de ministra só por ser irmã e que andou dizendo que o “buraco negro” é racista, ficaria mais-que-chocada. Ainda sobre isso, e sem abrir parágrafo, aqui vai: nada denigre mais a luta antirracismo do que a burrice dos militantes.

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Enigma moral
Adoro enigmas morais. Como aquele do bonde. Ou aquele de voltar no tempo e ter a possibilidade de matar o bebê Hitler. E eis aqui um novo que talvez seja velho, mas para mim é novo e interessante:

Um prédio está em chamas. Lá dentro, estão o último exemplar das Obras Completas de Machado de Assis e o Lula. Sim, o Lula. Você só tem a oportunidade de salvar o livro ou o [termo injurioso vetado por minha consciência] Lula. O que você salva? Resposta nos comentários, por favor.

(Em tempo: a versão que ouvi desse enigma tinha a ver com a importância ou não da arte e falava em salvar as obras completas de Shakespeare ou um homem anônimo qualquer. Mudei para deixá-lo ainda mais encafifado).

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120 anos!
Por falar em Lula, coitado dele. Ele deve achar que Deus faz parte do Centrão, e por isso disse que está em negociações com o Todo Poderoso para viver os 120 anos. Faça as contas... Eu fiz. Isso quer dizer que Lula viverá até 2065. Quem aguentaria uma coisa dessas?

Hospício
"Um dos motivos para eu ter abandonado o Twitter é que notei que era uma espécie de máquina de destruir a confiança. O Twitter o une às pessoas que pensam igual, mas o isola daqueles com os quais você discorda, por menor que sejam as discordâncias. Há um motivo para o Twitter fomentar a política da revolução e da reação, e não o liberalismo ou o conservadorismo. Se você está com frequência no Twitter, vendo aquele lado da Humanidade que o satisfaz, é fácil pensar que todo o resto deve ser destruído.
- Ezra Klein, jornalista

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Adeus, selinho azul
Paguei pelo selo de verificado no Twitter durante um mês. E só um mês. Por quê? Justamente por isso: decidi me perguntar “por quê?!” e não encontrei uma resposta satisfatória.

Matthew Perry
Morreu Matthew Perry e eu fiquei verdadeiramente triste. Porque também sou vulgar e semiletrado a ponto de associar imediatamente o ator ao seu personagem mais famoso, o Chandler Bing inseguro e sobretudo leal na amizade. Um Chandler Bing que, me ocorre só agora, tentou ensinar toda uma geração a perdoar seus pais imperfeitos, insuportavelmente imperfeitos. Mas acho que não conseguiu.

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Amigos
Por falar em amigos, estava aqui pensando que uma amizade sem lealdade não passa de uma interminável sucessão de traições.

Frase
“Tem gente tão pobre que só tem muito dinheiro”. Atribuída a Augusto Cury, mas cuja autoria mais provável é do Pedro de Lara. Quem diria que um dia eu concordaria com o Pedro de Lara!...

Almanaque
Por falar em frases, você já leu as Frases da Semana? Como o próprio nome da seção diz, todas as semanas o pessoal da editoria Ideias seleciona as maiores bobagens ditas por progressistas e esquerdistas de todos os matizes e cores para você se divertir e ou se indignar.

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Dostoiévski, lei natural e o amor
“(...) ele declarou em tom solene que em toda a face da Terra não existe terminantemente nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, que essa lei da natureza, que reza que o homem ame a humanidade, não existe em absoluto e que, se até hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu à lei natural mas tão só ao fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. Ivan Fiódorovitch acrescentou, entre parênteses, que é nisso que consiste toda a lei natural, de sorte que, destruindo-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exaure de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido, até a antropofagia”.
- Dostoiévski, Os Irmãos Karamazov.

Olhos revirados
Publiquei esse trecho de “Os Irmãos Karamazov” no Twitter e duas pessoas não se contiveram e precisaram reagir. “Que cara infeliz”, disse uma delas. Outro se manifestou para defender a “ética dos ateus”. [EMOJI DE OLHINHOS REVIRADOS]. Donde concluo, mais uma vez sem brilhantismo algum e mais uma vez usando a estranha contração “donde”, que ninguém mais ouve para entender, e sim para reagir.

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Grande Sertão
Não quero ser leviano comentando uma obra que não vi e só verei se me pagarem muito bem. Mas, a julgar pelo trailer, sinopse, elenco, argumento e roteiro, o filme “Grande Sertão”, de Guel Arraes, promete ser o maior crime cometido contra a literatura brasileira desde a publicação de “Torto Arado”. Não sei você, mas eu tive vontade de me jogar no chão e ficar deitado em posição fetal ao ver a transposição da luta individual e transcendental de Riobaldo para a luta coletiva, social e materialista da favela ou do crime.

Vocação para a excelência
Se bem que faz sentido ver o Brasil do século XXI cuspindo na obra-prima de Guimarães Rosa. Faz muito sentido. É o que deduzo ao ler o poema abaixo, escrito por Heloísa Buarque de Hollanda, a.k.a Heloísa Teixeira, membro da Academia Brasileira de Letras. A pérola foi incluída em coletânea e tudo! Sério, nessas horas eu até questiono a convicção na “vocação para a excelência” em que se baseia a linha editorial da Gazeta do Povo. Brincadeira, chefe.

Respeito
Não, não esqueci de reproduzir o poema da “imortal”. É que, sendo fiel ao espírito de respeito ao leitor, achei que você iria preferir ler um poema verdadeiramente bom de um poeta verdadeiramente imortal – ainda que sem o fardão. Acertei? Me enganei? De qualquer modo, pega aí o Bruno Tolentino num de seus momentos de maior genialidade:

O Senhor prometera nos compensar os anos
que a legião dos gafanhotos devorara,
meu coração, mas a promessa era tão rara
que achei mais natural vê-Lo mudar de planos

que afinal ocupar-Se de assuntos tão mundanos.
Assombra-me, portanto, ver uma luz tão clara
fecundar-me as cantigas, coração meu – repara
como crescem espigas entre escombros humanos…

Naturalmente, quem sou eu para que Deus
cumprisse em minha vida promessa tão perfeita,
e no entanto ei-Lo arando, limpando os olhos meus,

fazendo-os ver que, no trigal em que se deita
a luz dourada e musical, se algo perdeu-se
foi como o grão – entre a seara e a colheita.

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