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Lula
Lula assistindo ao filme “A Lista de Schindler”: “É tudo popaganda fionista”.| Foto: Agência Brasil/IMDB

Depois de Lula ter, na prática, chamado os judeus de nazistas ao dizer que a reação de Israel aos ataques terroristas do Hamas é igualzinho, sem tirar nem pôr, à matança sistemática perpetrada por Hitler, uma alma abnegada, talvez até um signatário da Carta pela Democracia, resolveu convidar Lula para assistir ao clássico “A Lista de Schindler”. Quem sabe assim ele aprende a não falar bobagem. Lula, na ânsia de ficar três horas longe da Janja, aceitou o convite.

“Tem dublado? Não consigo ler as legenda”, disse Lula para o anfitrião da sessão de cinema. Tinha. O que não impediu Lula de reclamar. “Não gosto de filme em preto e branco”, disse. Mas logo ele encheu a boca de pipoca e cuba-libre, se recostou na poltrona e tratou de acompanhar a história. Já no começo, quando Oskar Schindler percebe a oportunidade de ganhar muito dinheiro firmando contratos com o Estado nazista, bem como usando mão-de-obra escrava, Lula vibrou.

Ele cutucou o anfitrião, sentado na poltrona ao lado, e desfiou um rosário de elogios ao empresário alemão. “Esse aí é dos meus. Sabe fazer contatos. É um campeão nacional!”, disse. Ao que o anfitrião teve que engolir em seco. Logo ele, que acreditava no “caráter humanista” de Lula, a ponto de apoiar o ex-condenado na campanha contra Bolsonaro. Logo ele que assinou não apenas a Carta pela Democracia, mas tantos outros documentos que passaram por suas mãos e que garantiam, por a mais bê, que um Lula recém-saído do xilindró era a solução para todos os problemas do país. Incluindo os diplomáticos.

Mas me perdi aqui nessas elucubrações e o filme avançou. Na tela, o que se via era uma menina, arianíssima e nazistíssima, cuspindo nos vizinhos judeus que, numa espécie de procissão, eram levados para o gueto. A menina, close nela, gritava um adeus furioso, cheio de ódio e da mais demoníaca das ideologias. Lula não se aguentou. “Tchau, exploradores capitalistas opressores!”, disse, fazendo coro. Ao anfitrião coube arregalar os olhos e reconhecer, nem que fosse de si para si, que o antissemitismo do radical-em-chefe nada tinha de ignorante. Era pura perversidade marxista.

“Menos seis milhões”

Nessa hora o anfitrião teve vontade de interromper a projeção do filme, se levantar e dar uma lição ao seu ex-querido fantoche. Mas ele se conteve, na esperança meio débil, minto!, totalmente débil de que o sempre tão carismático Lula estivesse apenas tirando uma com a sua cara. Aí veio a cena da evacuação do Gueto de Varsóvia. Alguns muitos minutos de pura crueldade. De covardia. De maldade consequencialista. Enquanto o anfitrião se encolhia todo na poltrona, angustiado e se perguntando “como foi possível?”, Lula ria e, cuspindo pipoca, entoava uma contabilidade macabra: “Menos um, menos dois, menos cinco, menos trinta...”.

Antes que Lula chegasse ao “menos seis milhões”, o anfitrião deu uma desculpa qualquer, se levantou e foi ao banheiro. Diante do espelho, mas de cabeça baixa, ele falava para uma versão arrependida e envergonhada de si. Por que eu fiz o L? Por que eu fiz o L? Por que eu fiz o L? E assim ficou, sem ter coragem de se encarar. Por que eu fiz o L? Por que eu fiz o L? Por que eu fiz o L?...

O filme chegou ao fim. Lula se levantou e encontrou o anfitrião na entrada (agora saída, dã!) da sala de cinema. “Muito obrigado. Nunca ri tanto. Eu sei que é tudo popaganda fionista. Que é tudo coisa daqueles judeu lá, como é que é nome? Sábios de Sião! É, o Genoíno e a Gleisi vivem falando deles. Mas é uma boa comédia. Eu tava mesmo precisando rir um pouco”, disse.

Canalha. Mil vezes canalha. E quem concorda com o Lula também é canalha. Mil vezes canalha. Foi o que pensou o anfitrião. Foi o que eu pensei. Foi o que pensou você, leitor de bem. Porque, apesar de não criticarmos pessoas, e sim ideias, nesse caso uma coisa é indissociável da outra. Não há a menor chance de alguém que diga o que Lula disse ser outra coisa que não um canalha.

De qualquer forma, pensamos mas não dissemos nada. Até porque hoje em dia temos medo de sermos indiciados em algum desses novos crimes de lesa-majestade que surgem todos os dias. Canalhas.

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