Caro leitor,
Nesta semana mais curta, escrevi dois textos sobre um mesmo assunto. No primeiro, apesar de o tema ser a provável prisão do ex-presidente, usei como gancho a manifestação “em defesa do Estado Democrático de Direito” convocada pelo próprio. E que vai ou não lotar a avenida Paulista no dia 25 de fevereiro. Por falar nisso, você pretende estar presente?
A reação dos leitores não foi das melhores. O que me leva a concluir que, por causa dessa história aí de prisão, os ânimos estão mais exaltados do que eu imaginava quando, no meio do carnaval, me sentei para escrever o texto sem nenhuma pretensão além de conversar. De bater um papo sobre o assunto do momento. Até onde vi, teve gente insinuando que eu era um sórdido detentor de interesses ocultos em fazer fracassar a manifestação ou em dividir a direita. Como se eu tivesse esse ou qualquer outro poder do tipo...
Já escrevi em outras ocasiões, mas não custa repetir: meus textos são sempre um convite para uma conversa. É a maior qualidade e o maior defeito deles. Ao escrever, é como se eu abrisse minha casa e minha alma, estendesse o tapete vermelho para você, puxasse a cadeira e lhe servisse uma cerveja ou um café. Escrevo como se você fosse meu amigo, meu camarada, meu chapa, meu bróder, meu parça. Participar dessa conversa é uma escolha sua. Só não me venha com essa história de interesse oculto porque realmente só quero conversar. Nem de ter razão faço questão!
ATÉ O XANDÃO EU CHAMEI PRA UMA CONVERSA
Depois de ter escrito o texto em que falo do desespero de Bolsonaro, e percebendo que os leitores estavam irritados com a realidade assustadora que nos cerca, isto é, com a possibilidade real de prisão do ex-presidente, tratei de consultar mais e mais fontes. E, sinto informar, mas todas me disseram a mesma coisa: Bolsonaro convocou a manifestação numa última e desesperada tentativa de mostrar aos ministros do STF que tem o povo ao seu lado e que, por isso, sua prisão geraria o caos no país. Exatamente como escreveu certo colunista.
Meu erro, reconheço, foi ter tentado apelar à memória do leitor, associando a convocação feita por Bolsonaro ao “não me deixem só!” de Fernando Collor. Mesmo dizendo explicitamente que um é diferente do outro, teve gente que leu o que quis. Vocês veem maldade em tudo mesmo, hein? Que coisa!
VOCÊ ODEIA A IMPRENSA. RESTA SABER COMO FAREMOS AS PAZES
Dito isso, quero pedir desculpas a quem se sentiu pessoalmente ofendido com o texto. E sobretudo àqueles que ainda hoje se sentem ofendidos com a realidade. Uma realidade que, se eu pudesse, mudaria. Mas não posso. Então só me resta retratá-la com algum humor, mesmo sabendo que muitas vezes a gente escreve sorrindo o que os outros leem rosnando. É sempre um risco.
No segundo texto, que vou mencionar aqui só de passagem, conto que procurei alguns amigos versados na milenar arte de ouvir os corpos celestes a fim saber o que os astros tinham a dizer sobre a possível prisão de Bolsonaro. E procurei mesmo. É um texto mezzo cômico, mezzo sério. Não briguem comigo, por favor.
Até semana que vem,
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