• Carregando...
Radicais adeptos da ideologia de gênero, os agora vereadores trans como Erika Hilton (foto) optam por defender políticas moderadas e populistas de esquerda.
Radicais adeptos da ideologia de gênero, os agora vereadores trans como Erika Hilton (foto) optam por defender políticas moderadas e populistas de esquerda.| Foto: Facebook de Erica Hilton

No dia 16 de novembro, o Brasil acordou na companhia de novos prefeitos e vereadores. E, entre esses vereadores, 29 são transexuais. Parece pouco, mas não é. Segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 294 pessoas trans tentaram uma vaga nas câmaras municipais em 2020 – amealhando incríveis 224 mil votos. O fato de quase 10% dessas pessoas terem sido eleitas é impressionante. Praticamente uma minirrevolução.

Paradoxalmente, a vitória nas urnas de 29 transexuais sobre seus pares cis (é assim que se fala?) derruba o grande mito sobre o qual se apoia a militância dos portadores de disforia de gênero: o de que o brasileiro é transfóbico por natureza. Vale notar ainda que a maioria dos trans foram eleitos em cidades pequenas de estados que o senso comum político considera conservadores.

Um caso que chamou minha atenção foi a do vereador Gilvan Masferre, eleito para a câmara de Uberlândia, Minas Gerais, com 1347 votos. As propostas de Masferre são aquelas coisas vagas e populistas de sempre: saúde, educação, cultura, esporte, lazer e o que mais você achar que o Estado tem de prover. O curioso, contudo, é que ele foi eleito pelo partido Democracia Cristã – simbolicamente derrubando o mito de que os cristãos são transfóbicos.

Thammy Miranda, o eterno “filho da Gretchen”, também foi eleito em São Paulo por um partido que a confusa bússola ideológica brasileira identifica com direita, o Partido Liberal. Em que se pese o óbvio interesse partidário em usar um nome conhecido para estufar o coeficiente eleitoral, a candidatura e vitória de Thammy pelo PL também podem ser vistas como um sinal de que a disforia de gênero não reconhece barreiras ideológicas.

Causa pet

Mas o que essa minirrevolução de vereadores trans significará para o cotidiano das pessoas que moram nas cidades grandes e pequenas que os elegeram? Há quem se desespere e imagine leis municipais permitindo a entrada de trans em banheiros femininos ou impondo o ensino de ideologia de gênero nas creches municipais.

É possível que esses sejam anseios dos vereadores trans. Mas, talvez reconhecendo que lhes falta força política para aprovar leis que possam ser vistas como uma afronta por uma sociedade que, não sendo transfóbica, tampouco é adepta do ideário trans, a maioria deles opta pelo populismo vago que mencionei acima e por pautas mais palatáveis, ainda que de sabor horroroso, como o veganismo, e toda sorte de bom-mocismo ecológico. Sem falar na “causa pet”, claro.

É o caso de Duda Salabert (PDT), a vereadora mais votada de Belo Horizonte, com mais de 37 mil votos. Duda, aliás, se vangloria de ter sido a mulher mais votada da história da capital mineira. O que levaria uma pena mais ácida a dizer que a política é mais um campo no qual os transexuais estão tirando o lugar das mulheres. Mas eu jamais diria isso.

As propostas de Duda Salabert para os belorizontinos segue aquela cartilha típica da esquerda mais caricata, como distribuição “gratuita” de absorventes nas escolas municipais, aumento gradual da quantidade de merenda orgânica e proveniente da agricultura familiar nas escolas, banco de doação de ração para cães e gatos e defesa de uma renda básica municipal.

A única transproposta, por assim dizer, é a defesa de cotas para transexuais e moradores de rua em empresas que têm contratos com o município ou que vençam licitação.

Transcidadania

Erika Hilton (PSOL) também se orgulha de ter sido a mulher mais votada de São Paulo, com mais de 50 mil votos. Isso tudo apesar de “o CIStema não nos considerar mulher”, nas palavras dela. A ativista e agora legisladora municipal gosta de brincar com as palavras e de reforçar certos aspectos morfológicos delas. A campanha de Hilton, por exemplo, tinha como mote “TRANSformar e AFROntar a política”. Então tá.

Os compromissos firmados entre Hilton e seus eleitores são parecidos com os de Salabert e envolvem coisas como “compromisso com a mobilidade e o clima” – o que quer que isso signifique –, veganismo popular (sic), compostagem e agricultura urbana, e ecossocialismo.

Quanto aos problemas e soluções envolvendo a comunidade trans, Erika Hilton não fala muito. Em sua página no Facebook ela diz que pretende defender os projetos da Antra. O problema é que, em seu site, a Antra não expõe projeto algum.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]