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Aparências
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Este texto foi feito sob encomenda para a reportagem Para não espantar “pretê“, da Adriana Czelusniak, publicada no último domingo (15/03), no Viver Bem.


Quando a deixou, o namorado disse que ela era uma mulher incrível. Mas que a vaidade havia estragado o relacionamento. Não aguentava mais tanto zelo com a aparência. Dela consigo mesma – pra que tantos cremes, tantas roupas, tantos sapatos, tantos perfumes. E dela com ele – corte esse cabelo, faça essa barba, compre a camisa desta marca, use este sapato.

Quando o deixou, a namorada disse que ele era um cara incrível. Mas que o desleixo havia estragado o relacionamento. Não aguentava mais tanto relaxo com a aparência. Dele consigo mesmo – não quero cortar o cabelo, vou deixar a barba mais uns dias, adoro essa camiseta velha e desbotada, meu velho All Star ainda aguenta um bom tempo. E dele com ela – creme do quê?, veste qualquer roupa e vamos, não sei como você consegue usar esse salto-alto, não precisa passar perfume pra ir até ali.

Após anos de namoro, estavam solteiros.

Quem os apresentou foi um casal de amigos em comum. Marcaram de sair todos juntos.

Disseram a ela para ir com uma roupa simples, que seria uma coisa descontraída. Para ele, disseram para se apresentar melhor, afinal isso sempre conta pontos.

Ela foi de vestidão florido e sandálias. Ele se barbeou, comprou camisa nova e calçou sapatos. Se a primeira impressão é a que fica, gostaram-se de cara. “Uma moça sem frescuras”, pensou ele. “Um cara charmoso”, pensou ela.

O casal de amigos se despediu. Ficaram os dois na mesa. Conversaram longamente e descobriram afinidades que não tinham com os respectivos ex. Marcaram de se encontrar novamente e no outro dia já estavam de mãos dadas pelas ruas. Ele de camiseta, bermuda e tênis. Ela de vestido tubo preto, salto-alto e maquiagem.

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