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Uma das queixas das mulheres, quando estão reunidas, é com relação às comparações. São muitas as histórias de mágoas, frustração e decepção.

Eu mesma passei várias vezes por esta situação.

Minha ex-sogra cozinha maravilhosamente bem. Meu ex-marido nunca perdeu uma única oportunidade de comentar com nossos amigos de que não o fisguei pelo estômago…

Vim de uma família com hábitos alimentares completamente diferentes aos dele.

No início do casamento sofri muito. Eu estava acostumada a almoçar e a noite apenas lanchar. Ele almoçava e jantava. Bem que eu tentava, mas logo descobri que não tinha nenhuma identificação com o fogão e nem com as prendas domésticas. Usava os ingredientes da receita e caprichava, mas não tinha jeito, nunca ficava nem parecido…

Confesso, era frustrante. Invariavelmente, ouvia: “Aprenda com a minha mãe!”.

A esta altura sabendo que não tinha o dom e nem talento para tal, fui ficando chateada e me sentindo uma incompetente.

A maior frustração aconteceu no dia em que recebi um telefonema. “Marlene, aqui é de uma Escola de Culinária e seu marido deixou pago um curso completo”. Desliguei o telefone sem dizer uma única palavra.

Na manhã seguinte sai de casa disposta a resolver a situação. Fui numa agência de empregos e contratei uma cozinheira de forno e fogão. Os problemas domésticos acabaram, mas a mágoa não.

Essa historia veio à tona na semana passada quando no salão de cabeleireiro ouvi um fato idêntico. Uma jovem comentava com a manicure que o noivo sugeriu que ela pedisse a futura sogra algumas das suas receitas favoritas. De quebra comentou que a ex-namorada era uma perfeita anfitriã. Deu para perceber que ela não gostou nada da idéia.

O mesmo processo acontece quando nos referimos de forma saudosa a relacionamentos antigos. Mesmo que o caso tenha terminado há décadas, em geral, as mulheres não esquecem e a comparação será óbvia. Não espere que a mulher compreenda, porque é bem provável que isso não acontecerá. Você só irá gerar insegurança sem motivo para tal.

Um homem que quer recriar o passado está procurando problemas. Ainda mais quando na cama ele resolve fantasiar ou relembrar da performance sexual com alguém do passado. A pessoa que está ao nosso lado quer ser a número um em nossa vida. É muito difícil sentir-se assim tendo que seguir um modelo – sua mãe, ex, ou uma antiga paixão.

As pessoas costumam rotular e acabam enlouquecendo seus parceiros. Por que querer que o outro seja aquilo que ele não é?

Anita cometeu um grande engano ao comparar seu marido ao marido de Suzana.

Elas costumavam caminhar no parque e trocavam confidências. Suzana deixava a amiga boquiaberta quando falava das surpresas que ele preparava quando iam para a cama – champagne, pétalas de rosas espalhadas pela casa, brinquedinhos adquiridos nos Sexshops, idas aos motéis da cidade, banhos de banheira e tudo mais o que rolava na intimidade.

Anita prestava atenção e reclamava que sua vida afetiva e sexual era rotineira e sem graça. Sua amiga sugeriu que ela deveria ousar e apimentar a relação.

Deu várias sugestões. Ela pensou durante alguns dias e decidiu agir.

A surpresa foi preparada no dia do aniversário dele. Enfeitou o quarto, comprou uma champagne e pela primeira fez uma compra num Sexshop.

Quando ele chegou em casa levou um susto! Tudo ia bem até ele perguntar de onde veio a idéia. Quando ela comentou que Suzana lhe contava sua intimidade com o marido, Rafael reagiu de forma inesperada. “Aquela piranha, não creio – gritou!”

“Pensei que você fosse capaz de ter idéias próprias. Precisa ficar dividindo nossa intimidade com aquela mulher vulgar. Sem classe. Acabou o tesão, vira aí e dorme!”

No dia seguinte foi incapaz de contar a amiga o acontecido. Apenas disse que na última hora desistiu da surpresa. Nunca mais ousou algo parecido. Um ano após o ocorrido Anita optou pela separação.

Todos nós queremos ser admirados pelas nossas próprias virtudes em vez de sermos comparados com quem quer que seja. É importante que sejamos amados pela nossa natureza sábia e pela nossa capacidade de nos entregarmos ao amor, sendo apenas nós mesmos.

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