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As pessoas costumam dizer que o ciúme é o tempero do amor, aquela pitada que incrementa e faz com que o interesse mútuo permaneça aceso. O ciúme e o amor andam de mãos dadas. Em doses normais serve como uma medida de segurança, no entanto, a sua ausência ou o excesso pode ser um veneno fatal para o relacionamento.

Durante muito tempo o ciúme era considerado um sentimento eminentemente masculino: o homem sempre tentou controlar a sexualidade da mulher para que ela não gerasse filhos com outro parceiro – fora do casamento. Havia a preocupação com os danos a sua imagem ferindo o orgulho masculino.

O ciúme por parte da mulher era por receio de que o homem volúvel a privasse da sua proteção.

O que provoca ciúme nos homens é normalmente diferente do que desperta esta emoção nas mulheres. Os homens são mais sensíveis àquilo que diz respeito à posse física do corpo da sua parceira. Um homem dificilmente perdoa a uma mulher que consuma a infidelidade, ou seja, que chegue ao ato sexual com outro homem.

As mulheres tendem a ser mais sensíveis à intimidade psicológica do envolvimento emocional do homem. Não é preciso que este envolvimento chegue à cama. As mulheres sofrem quando o seu parceiro se dá emocionalmente a outra mulher, dedicando-lhe atenção, tempo ou outros recursos relacionados com a afetividade.

O ciúme é considerado normal quando surge em resposta a um estímulo externo que tem raízes na realidade. É aceitável quando não faz sofrer permanentemente e, portanto, é um sentimento que deve ser passageiro. Quando a relação é sadia os dois tocam a sua vida, estudam, interagem com outras pessoas, saem para trabalhar e voltam para a relação com novidades, fazendo com que a distância os deixe mais ricos entre si. Um torce pelo sucesso e pela felicidade do outro.

O ciúme é considerado patológico quando é levado a extremos. Quando é fruto da imaginação e vive de reações descontroladas e sufocantes. Quando há um investimento afetivo e emocional na relação é natural que a ameaça de perda do outro dê origem a esta emoção.

O ciúme passa do normal ao patológico quando passa a fazer mal para a relação levando o parceiro, muitas vezes, a se afastar para poder respirar. Na ânsia de não perder o seu amor passa a tolher sua liberdade e a ferí-lo com suspeitas e acusações infundadas. O ciumento perde o controle da situação. Ele passa a ter atitudes infantis e irracionais decorrentes de dificuldades emocionais que podem estar relacionadas a sua infância.

A síndrome do “agarramento” acontece no primeiro ano de vida, quando o bebê começa explorar o mundo e tem necessidade de agarrar-se à mãe: alguns homens agarram-se tanto às mulheres, como agarravam às pernas da mãe, demonstrando um medo antigo de serem abandonados.

Outra situação de ciúme doentio provém de um complexo de Édipo mal resolvido: entre os quatro e seis anos, a criança identifica-se com o pai e tem ciúmes dele pela atração que ele exerce sobre a mãe. Na idade adulta, essas frustrações podem reaparecer sob a forma de possessividade em relação ao parceiro, raiva ou mesmo paranóia.

Características do ciumento:

Geralmente, tem baixa auto-estima, vê o rival, potencial ou real, dotado de qualidades superiores. As mulheres dão mais importância à estética, ao fato de a outra ser mais jovem ou mais bonita, enquanto que os homens fazem a comparação com o poder, o dinheiro e a capacidade sexual.

A pessoa excessivamente carente e insegura aceita passar por situações de humilhação, controle, competição, crueldade e dor em prol do relacionamento. Vive angustiada, insegura e na expectativa do que vai receber do outro. Se receber menos certamente haverá cobrança. Ao invés de dar amor ao outro, passará a dar suas inseguranças e carências, muitas vezes, disfarçadas em comportamentos autoritários ou de ciúmes. A insegurança é a grande responsável pelo ciúme.

Outros tipos de ciúme:

Ciúme dos amigos: A pessoa excessivamente ciumenta não suporta programas feitos na companhia dos amigos. Está sempre exigindo exclusividade e tentando mostrar que prefere um programa a dois.

Tempo do outro: Um tipo de ciúme bastante comum. Marido que sai todo final de semana para pescar ou ir ao futebol.

Êxito profissional da mulher: Muitos homens ainda têm dificuldades para aceitar o sucesso feminino, principalmente se a mulher ganha mais do que ele.

Sogra: Muitos casamentos terminam em divórcio porque houve excessiva influência da sogra.

Nascimento de um filho: O nascimento de uma criança pode dar origem a ciúmes por parte do cônjuge que se sente destronado.

Ciúme do passado: O sujeito que tem ressentimentos em relação à pessoa que tirou a virgindade da sua amada. A mulher que casa com um viúvo e que tem ciúmes da falecida.

Ciúme do futuro: A pessoa que chega até a adoecer só de pensar que se ela morrer o parceiro ficará com outra pessoa.

Ciberciúme: Muitos parceiros entram em salas de bate papo e estabelecem uma relação de intimidade com outra pessoa, naturalmente, sem o conhecimento do parceiro. O problema é quando sai da fantasia e passa para o contato real.

Sinais de perigo:

Indícios de ciúme exagerado:

– Começa a estruturar a vida em função do ciúme.
– Se sente angustiado, inquieto, ansioso por não conseguir controlar o parceiro.
– Não aceita que o seu parceiro faça um programa sem a sua companhia.
– Sente a necessidade de saber constantemente onde o outro está.
– Está sempre confirmando com os amigos se estiveram juntos.
– Não respeita a intimidade do seu parceiro revistando as suas coisas íntimas: gavetas, carteiras, roupas, celulares ou e-mails.
– Está sempre criando situações para o apanhar em flagrante.
– Não confia em nada que o seu parceiro diz. Desconfia de tudo e de todos.
– Arma uma cena de ciúmes sem motivos.

A anatomia do ciumento:

Aspectos negativos:

– sentimento de culpa – stress emocional – stress físico
– raiva
– tensão no relacionamento
– emoções descontroladas
– constrangimento público
– violência física
– perda do parceiro

Aspectos positivos:
– leva a um exame sobre a saúde da relação
– ensina a dar valor ao parceiro
– pode ser visto como um sinal de amor
– faz com que o parceiro se sinta mais desejado
– pode renovar um relacionamento mais desgastado
– faz com que o parceiro se sinta vivo
– pode tornar a relação mais duradoura

Como lidar com o ciúme:

Quando você se sente a vítima:
– Ajude a pessoa amada a refletir por qual motivo, se realmente existe amor, ela não consegue confiar em você.
– Toda vez que for interrogada diga como se sente.
– Nunca caia na tentação de abrir mão daquilo que o ciumento pede para renunciar, achando que vai eliminar o problema.
– Mostre a ele o mal que as suas atitudes fazem para o relacionamento. Faça-o entender que se não conseguir mudar o seu comportamento deverá buscar uma ajuda terapêutica.

Alguns cuidados preventivos:
– Jamais confessar uma traição.
– Não contar as peripécias sexuais e nem o número de parceiros.
– Saber portar-se e vestir-se adequadamente.
– Não ficar desligando o celular quando juntos.

Quando a dor de amor o incomoda:
– O primeiro passo é avaliar o que está sentindo. – Exprima o seu ciúme. Fale abertamente do que está sentindo, e porque é que esta emoção foi despertada.
– Converse sempre de forma racional prestando muita atenção à sensibilidade do outro.
– Analise se esta emoção mexe com alguma lembrança ou ferida do passado: como um trauma vivido anteriormente, a lembrança do sofrimento com a infidelidade de um dos pais, se foi traído em algum dos relacionamentos passados ou se não se sente capaz de manter o interesse do seu parceiro.

Lembre-se de que o respeito e a confiança são a base de uma relação saudável. O aprisionamento quase sempre leva à curiosidade do que está lá fora, podendo levar a infidelidade.

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