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Um país inceficiente em sua logística tem um grande obstáculo na busca por eficiência e diversificação do setor produtivo.

Um país inceficiente em sua logística tem um grande obstáculo na busca por eficiência e diversificação do setor produtivo.

 

Internacionalmente o Brasil tem perdido posições em índices de mensuração de desenvolvimento com bastante frequência, o que não é diferente no que diz respeito a um dos principais vetores para aqueles países que buscam alcançar um desenvolvimento sustentável a partir de uma diversificação e maior eficiência do seu setor produtivo, a logística internacional.

Nesse sentido, recebi esta semana um brilhante post encaminhado pelo professor Alexandre Willerding que faço questão de compatilhar. Segue o que tem a compartilhar o professor Willerding.

Hoje em dia a palavra “globalização” é usada para descrever situações tão diferentes que com frequência perde o significado. No entanto, alguns números do Banco Mundial podem nos ajudar a entendê-la, ao menos aquela que chamamos de globalização econômica. Em 1970 o valor das exportações mundiais era igual a 11% de toda a riqueza gerada no mundo. Em 2011 essa proporção passou para 33%. Dados simples, mas nos mostram que as empresas dependem cada vez mais do comércio internacional para gerarem os seus resultados.

Para a logística, que é a responsável por providenciar tudo o que consumimos, isso tem um significado muito claro: movimentar bens e informações através de cadeias de suprimentos cada vez mais longas que, frequentemente, cruzam diversas fronteiras nacionais. Então, para as empresas e países competirem nesse cenário, é fundamental o bom desempenho da logística internacional.

Como você acredita que o Brasil está nesse aspecto? Para responder essa pergunta podemos usar o Logistic Performance Index, um relatório sobre a qualidade da logística dos países. Ele é elaborado pelo Banco Mundial desde 2007 e os resultados do ano passado acabaram de ser divulgados. Enfim, o resultado foi ótimo, para a Alemanha que voltou a primeira posição. Já o Brasil, que ocupava a 45a posição em 2012, caiu para a 65a posição em 2014. Pra se ter uma ideia, países como Argentina, Chile e México estão melhor posicionados do que nós. Ok, confesso que não esperava o Brasil nas primeiras posições desse ranking, mas precisamos lembrar que estamos entre as 10 maiores economias do mundo e isso parece não fazer o menor sentido.

Como esse índice é formado por seis indicadores específicos, vejamos em qual nos saímos melhor e pior pra tentar entender um pouco melhor. O indicador no qual ficamos melhor classificados foi o relacionado com a competência das empresas em administrar operações logísticas de qualidade. Nesse, ficamos na 50a posição. Palmas para os profissionais e empresas do setor. Já o indicador que tivemos o pior desempenho foi o relacionado com a qualidade dos processos de desembaraço aduaneiro. Nesse, ficamos na 94a posição, confirmando o óbvio infeliz de que os processos administrados pelas instituições públicas em nosso país tendem a não apresentar e eficiência esperada. Contribuindo com esse óbvio lembro que alguns meses atrás, em um exercício acadêmico, comparei 107 países relacionando a qualidade da logística com a da governança – governo, leis, instituições, etc. Constatei que, países com um desempenho logístico inferior possuem, na maioria das vezes, uma péssima governança. Um último óbvio que vou citar é sobre a infraestrutura de transportes – rodovias, ferrovias, portos e aeroportos – que é um dos fundamentos para uma boa logística. Afinal, quem nunca reclamou das estradas levanta a mão. Então, as nossas vias de transportes não ficam nem entre as 100 melhores do mundo segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial. Acredito que agora o resultado brasileiro já está fazendo um certo sentido.

Vejam, no começo falamos que a logística internacional é fator fundamental para a competividade das empresa e consequentemente para o desempenho comercial dos países. No entanto, como vimos as empresas no Brasil não podem usufruir de tal condição. Costumo dizer que em gestão não existe mágica, ou melhor, toda mágica tem um preço. Então, se as empresas brasileiras continuam vivas nesse cenário, alguém está pagando a conta. Alguém pagar a conta significa: um alto preço final dos produtos, uma relação empresa vs funcionário tendendo a exploração, sonegação de impostos, entre muitas outras formas que eu tenho certeza que o ser humano é capaz de criar. Nenhuma delas desejável.

Alguns ainda podem dizer: mas o PIB brasileiro vem crescendo e assim está sustentando o desempenho comercial do Brasil. Bom, nesse caso a pergunta que deveríamos fazer é até quando, ou melhor, as custas de quem?”

 

Alexandre Willerding é Administrador (UFPR) especialista em logística (FGV) e mestrando em marketing (PUCPR), atua como professor na Universidade Positivo e empresário. Email: ale.willer@gmail.com LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/willerding

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