Aconteceram no Brasil, nas últimas décadas, dois movimentos sociais fantásticos. Um deles foi um crescimento significativo da expectativa de vida — as pessoas passaram a viver muito mais. O segundo foi a entrada marcante das mulheres no mercado de trabalho. ambos foram sensacionais para a sociedade brasileira. Só que eles têm um impacto brutal sobre a Previdência. Quando a expectativa de vida cresce, o tempo que a Previdência precisa pagar os benefícios para as pessoas, que continuam vivas por muito mais tempo recebendo, obviamente aumenta e o custo para o INSS também. Na outra ponta, à medida em que as mulheres entraram no mercado de trabalho, e trabalhando duro como trabalham, ficou absolutamente inviável manter o que acontecia antes, de os casais terem 8, 10 ou até 15 filhos, como acontecia na geração dos nossos avós. Isso não é possível e o número de filhos por família despenca. O resultado: como na Previdência pública, a geração que está trabalhando contribui, e a geração anterior — a dos pais delas — é que recebe os benefícios, e o número de filhos vem caindo, a conta não fecha. Quando a Previdência brasileira foi criada, havia oito pessoas trabalhando para sustentar um aposentado. De lá para cá, esse número caiu para duas pessoas trabalhando.Além disso, antes, os brasileiros viviam em média mais dois anos após os 65 — agora são mais 17. Nas próximas décadas, esse quadro tende a se agravar, pois já sabemos quantas pessoas vão entrar no mercado de trabalho e quantas vão se aposentar. Ou seja: os gastos com a Previdência vão crescer e as receitas não vão aumentar. Para pagar essa conta, tiramos dinheiro da saúde, educação, segurança. Cadê as propostas dos presidenciáveis para lidar com o problema? Não adianta fazer de conta que esse problema não exista.
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