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O Estado de Bem-estar Social, considerado hoje pelo Ocidente como seu objetivo maior, foi criado com base em uma população que aumenta sempre. Mas em todo o Ocidente – Europa, EUA e países do terceiro mundo como o Brasil – a taxa de natalidade está caindo abaixo do nível necessário para manter a população atual.
A taxa média de fertilidade da Europa é de 1.38 nascimentos por mulher. Ela está muito abaixo da taxa de 2.1 necessária para manter o nível da população (embora imigrantes que chegam à Europa vindos de regiões subdesenvolvidas tenham taxas de fertilidade de até 2.6 – mas isso é um problema separado). A taxa de fertilidade dos EUA é de 1.62, um recorde mínimo. A taxa de fertilidade do Brasil é de 1.57, também abaixo da taxa necessária para reposição. Se isso não mudar, em breve a população começará a diminuir.
Desejos, vontades e aspirações foram convertidos em direitos. O Estado, cuja missão essencial é a garantia dos direitos fundamentais, transforma-se no grande responsável por satisfazer os tais direitos de quarta geração: o direito a um emprego, o direito a uma casa, o direito ao lazer
A maioria das democracias ocidentais foi contaminada por um populismo irresponsável que promove dependência cada vez maior do Estado como isso fosse uma coisa boa. Desejos, vontades e aspirações foram convertidos em direitos. O Estado, cuja missão essencial é a garantia dos direitos fundamentais, transforma-se no grande responsável por satisfazer os tais direitos de quarta geração: o direito a um emprego, o direito a uma casa, o direito ao lazer e até o direito à satisfação sexual. Tudo isso custa muito dinheiro que precisa ser retirado de algum lugar – e a fonte óbvia é o bolso do pagador de impostos.
Como explica muito bem Niall Ferguson em A Grande Degeneração, a deterioração das finanças públicas é uma resposta aos incentivos que o chamado sistema democrático apresenta aos políticos. O comportamento racional de um político que chega ao poder para um mandato de poucos anos é fazer todo o possível para conseguir a reeleição. Não se pode esperar que a maioria desses políticos, cuja passagem pelo poder é temporária, tenha muita preocupação com o longo prazo. O que importa é o hoje, e os meses que faltam até a próxima eleição. Quando as finanças do Estado quebrarem esse problema será do político que estiver no poder naquela época. Trata-se de um futuro que não interessa ao político de agora.
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A queda no número de nascimentos e o envelhecimento da população – resultado de vidas cada vez mais longas, e sejamos gratos por isso, claro – significa que, em determinado momento, o número de pessoas que pagam impostos será insuficiente para sustentar, ao mesmo tempo, uma gigantesca máquina estatal e um grande número de pessoas que dependem do Estado para sobreviver.
O Estado de Bem-estar Social, criado originalmente como uma rede de segurança para impedir que trabalhadores caíssem na miséria no fim da vida, tornou-se um gigantesco esquema de pirâmide onde o pagamento dos que recebem benefícios é feito por aqueles que trabalham, que são em número cada vez menor.
É um castelo de cartas cuja queda é matematicamente certa.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos