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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda Fernando Haddad
Haddad e Lula: em 2024, foco do governo é o mesmo de 2023. Prioridade é arrecadar mais e não há anúncio de medidas para conter gastos.| Foto: André Borges/EFE

Todas as dívidas precisam, um dia, ser pagas. Só há duas alternativas: ou as dívidas são pagas ou o devedor dá calote em quem lhe emprestou o dinheiro. Isso vale tanto para as dívidas de pessoas como dívidas de empresas e de governos. Não há diferença: dívida é dívida. Se você pegou dinheiro emprestado de alguém, precisa, um dia, devolver esse dinheiro – e com juros. É evidente que, se uma dívida não para de aumentar, ela um dia explodirá. Em algum momento no futuro ela ficará tão grande que não será mais possível pagá-la.

Alguns “economistas”, “especialistas” e jornalistas vão te dizer que esse raciocínio óbvio não se aplica às dívidas do governo. Vão dizer que “todos os governos têm dívidas grandes”. Na verdade, no caso de governos a situação é ainda pior. Como o governo nunca consegue pagar sua dívida, ele pega novos empréstimos para pagar aquelas dívidas que estão vencendo. Isso se chama “rolagem da dívida”.

Um Estado que gasta mais do que arrecada, e que acumula uma dívida sempre crescente, é um estado destinado ao desastre.

Muitos brasileiros emprestam dinheiro ao Estado. Fazemos isso quando compramos títulos da dívida pública. Eles podem ser uma boa opção de investimento, porque o governo paga juros atraentes. Portanto, quando falamos de “dívida pública” estamos falando também de dinheiro que o governo deve a milhares de brasileiros que compraram títulos públicos e que, um dia, vão querer receber seu dinheiro de volta – com juros.

Mas como surge a dívida pública? A dívida pública nasce quando o Estado gasta mais do que arrecada. Funciona assim: a fonte principal de dinheiro do Estado são os impostos. Mas, frequentemente, o Estado gasta tanto dinheiro que a arrecadação de impostos não é suficiente para pagar todas as contas. O Estado então tem duas formas de conseguir recursos extras: ou ele simplesmente manda imprimir mais notas de dinheiro (o que desvaloriza a moeda e dá origem à inflação) ou ele pega dinheiro emprestado. Esses empréstimos que o Estado toma para cobrir o buraco nas suas contas é que formam a chamada “dívida pública”. Um nome melhor seria dívida do Estado.

Alguns economistas vão te dizer que “o déficit das contas públicas é uma coisa comum”. Outros vão até afirmar que o déficit nas contas do governo, na verdade, é uma coisa benéfica para a sociedade porque “faz girar a economia” e “combate o desemprego”. São afirmações ingenuamente desinformadas ou mentiras grosseiras. O que se chama de “déficit” é um buraco nas contas que surge quando o governo gasta mais do que arrecada.

Embora isso possa acontecer eventualmente, em situações de crise – assim como pode acontecer em qualquer família ou empresa – quando isso vira uma rotina trata-se de irresponsabilidade grave na administração pública, sempre motivada por incompetência, ideologia, populismo ou corrupção – ou tudo isso junto.

Um Estado que gasta mais do que arrecada, e que acumula uma dívida sempre crescente, é um estado destinado ao desastre. Não se sabe ao certo quando ele acontecerá – se em nosso tempo ou no tempo de nossos filhos ou netos – mas ele é inevitável. O desastre só não afetará os políticos que o promovem, e que estarão sempre seguros em suas fortalezas construídas com dinheiro, influência e impunidade.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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