O deputado estadual paranaense Coronel Lee (DC) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Paraná, nesta quarta-feira (6), para ameaçar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva caso ele coloque em prática sua sugestão de “incomodar deputados em suas casas”. Coronel Lee, que já foi comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais) do Paraná, disse que, se receber a visita de Lula ou “de sua turma”, os mandará para o inferno, para onde, diz, já teria mandando integrantes do MST quando eles “quiseram conversar”.
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“O que nos traz hoje aqui é um desaforo, uma ameaça de um indivíduo, chamado de Lula. Esse camarada quer visitar as nossas residências, nossas casas, quer juntar um grupo de desocupados, de vagabundos, para conversar com as nossas famílias, para conversar com a gente. Coronel Telhada, ex-comandante da Rota e hoje deputado em São Paulo, aqui é o Coronel Lee, ex-comandante do Bope do Paraná: o nosso modus operandi é o mesmo. A última vez que esse bando do MST e da esquerda vieram nos visitar, queriam conversar com a gente no meio do mato, foram parar no inferno. Então, Lula, mande a sua turma toda falar com a gente de novo. Porém, vocês vão visitar vossos amigos que estão lá. É esse o nosso recado”. Essa é a íntegra do pronunciamento de cerca de um minuto feito pelo deputado nesta quarta-feira.
Declarações de Coronel Lee foram reação a fala do ex-presidente Lula
A fala de Coronel Lee é uma reação a uma declaração de Lula em evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na última segunda-feira (4). O ex-presidente disse que a organização de caravanas a Brasília para pressionar deputados era cara e infrutífera, e sugeriu que se mapeassem os endereços residenciais dos deputados e se organizassem “visitas” de grupos de até 50 pessoas para “incomodar a tranquilidade dele”.
“Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa do deputado. Não é para xingar não, é para conversar com ele, conversar com a mulher dele, conversar com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito do que a gente vir fazer manifestação em Brasília. (...) A gente vai ter que mudar o jeito de pressionar”, afirmou o ex-presidente.
As palavras de Lula provocaram reações duras de políticos adversários país afora. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) postou um vídeo nas redes sociais, em que a mãe aparece ao fundo, dizendo "na minha casa tem pistola”. “Olha, mãe, se vier vagabundo aqui, a senhora está autorizada a pegar a pistola e meter chumbo”. Zambelli disse ainda que denunciará o ex-presidente no Ministério Público por incitação ao crime. Já o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) postou também um vídeo em que coloca pente de balas na pistola e explica o endereço da casa, em Contagem (MG). "Vou esperar lá vocês, tanto sua turma como você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha. Vocês serão muito bem-vindos", disse, balançando a arma.
Petistas reagem e sugerem acionar Conselho de Ética
No caso paranaense, o discurso de Coronel Lee causou pronta reação de deputados petistas, que sugeriram a abertura de processo ético contra Lee. “Eu não sei se entendi seu discurso, mas me pareceu uma ameaça. Ameaças, querendo intimidar numa democracia, escancaram os erros que o Brasil têm cometido. Usar da tribuna de uma casa democrática para fazer ameaça de morte mostra que o senhor ainda tem muito a aprender sobre política e democracia. É uma pena que esse discurso passe aqui. Ia passar despercebido, porque a maioria não estava prestando a atenção. Mas temos que deixar claro que esse tipo de comportamento não representa o Brasil de hoje. Representa um Brasil ultrapassado, o Brasil da tortura, da intimidação, um Brasil que tem medo da democracia”, declarou Requião Filho (PT).
Em nota, a liderança do PT afirmou que "irá tomar as medidas jurídicas cabíveis contra a lamentável manifestação do parlamentar, afim de que esses episódios não se repitam e que não fiquem impunes. Também solicitamos à Assembleia Legislativa que seja cumprido o regimento interno e que parlamentares sejam impedidos de usar o espaço público para proferir tais ofensas e crimes".
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