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Vacinação de Covid-19.
Vacinação de Covid-19.| Foto: Hully Paiva / SMCS

Até o dia 25 de janeiro, quando o Paraná ainda iniciava a campanha de vacinação contra o coronavírus, 52% das mortes por Covid-19 no estado eram de pessoas com mais de 70 anos. Nos últimos 30 dias, com a maioria da população desta faixa etária já vacinada, esse porcentual caiu para 30% do total de óbitos. Para as autoridades em saúde e especialistas ouvidos pela coluna, a redução é um indicador claro da efetividade da vacina contra o coronavírus, uma vez que a população idosa foi o grupo prioritário para a imunização.

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Das 9.433 mortes ocorridas até 25 de janeiro no Paraná, 4.964 foram de pessoas com mais de 70 anos. Entre os dias 25 de abril e 25 de maio, o estado registrou 4.098 mortes, sendo 1.252 de pessoas com mais de 70 anos, aponta análise da coluna nos dados dos boletins epidemiológicos divulgados diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

O Paraná concluiu a aplicação da primeira dose da vacina em sua população idosa na primeira semana de maio. Assim, muitas pessoas, principalmente as na faixa entre 60 e 69 anos e que receberam a vacina da Astrazeneca, ainda não receberam a segunda dose do imunizante. Mesmo assim, os boletins epidemiológicos já registram redução significativa, também, no porcentual de óbitos de pessoas com mais de 60 anos: de 77% do total de mortes até 25 de janeiro, para 58,7% nos últimos 30 dias.

“Sem dúvida, grande parte desta mudança de perfil etário nos óbitos se deve ao efeito vacinal, reduzindo a chance de infecção e, principalmente a gravidade da doença e os óbitos nas pessoas vacinadas. Como essa faixa etária foi a primeira contemplada, é natural vermos nela os primeiros resultados”, avaliou o epidemiologista do Hospital de Clínicas de Curitiba Bernardo Montesanti de Almeida. Para ele, inclusive, a dedução de que as novas cepas do coronavírus estão atingindo mais fortemente a população jovem é uma falsa consequência desse fator. “O conceito de que o vírus tem uma maior predileção por jovens é equivocado. Esse é um efeito que ocorre em consequência ao fato de a população idosa estar mais protegida, tanto pela vacinação, quanto pelo isolamento social, uma vez que muitos mantêm as medidas de distanciamento, enquanto grande parte da população jovem retornou às atividades normais”, diz.

“Vírus não está mais agressivo contra jovens”

Bernardo de Almeida ressalta que as medidas de restrição e o comportamento social da população se pautam, basicamente, pela taxa de ocupação hospitalar, só mudando drasticamente quando o sistema de saúde entra em colapso. Assim, no início da pandemia, com os idosos sendo naturalmente mais suscetíveis a casos graves da doença, poucas pessoas contaminadas já resultavam em muitos internamentos. Consequentemente, havia o colapso do sistema de saúde, a intervenção do Estado e o aumento do isolamento das pessoas. “Como essa população [idosos], agora, está protegida, o colapso do sistema de saúde ocorre quando temos muitas pessoas jovens internadas, o que significa um número muito, mas muito, maior de pessoas infectadas”, diz, destacando que o porcentual de jovens que precisam de internação é muito inferior ao de idosos - não vacinados - que precisam desse atendimento hospitalar.

E é a partir disso que ele traz a dedução do tamanho do problema atual. “Se, antes da vacinação, com 10 mil casos ativos, os doentes idosos já lotavam os leitos e nos obrigavam a adotar medidas mais rígidas de restrição, hoje, nossos leitos estão cheios de jovens porque devemos ter entre 50 mil a 100 mil casos ativos, considerando os não diagnosticados, que são maioria. A doença não está mais grave, a probabilidade de complicação e de óbito é a mesma. Mas, do ponto de vista coletivo, a percepção é de que está mais grave porque temos muito mais pessoas contraindo a infecção e não temos a dimensão dos casos leves e assintomáticos porque testamos pouco. O colapso, hoje, é causado por uma grande quantidade de contaminações. Em 2020, a gente entrava em colapso antes, por causa dos idosos”, conclui.

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