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Professora Elizabeth – primeira prefeita eleita de Ponta Grossa
Professora Elizabeth – primeira prefeita eleita de Ponta Grossa| Foto: Divulgação / PSD

Primeira mulher eleita para a prefeitura de Ponta Grossa, Professora Elizabeth (PSD) toma posse nesta sexta-feira (1º) tendo que cumprir um ousado compromisso assumido na campanha: asfaltar 100% da cidade. Vice-prefeita da gestão que se encerra, de Marcelo Rangel (PSDB), a professora universitária cita os avanços econômicos e de infraestrutura alcançados pela cidade nos últimos oito anos, mas diz reconhecer que o município não atingiu todas as metas na área social. Assim, em entrevista à Gazeta do Povo, ela promete seguir com as políticas adotadas por seu antecessor, mas diz ter como maior desafio combater a desigualdade e erradicar a miséria. “Eu preciso fazer um choque de modernização e um choque de governança, porque já que foi tão histórica essa mudança de ser uma prefeita mulher, essa administração também precisa ser um choque”.

Antes da eleição, a senhora disse que como vice-prefeita tinha conhecimento de onde a cidade ainda precisava avançar. Agora, uma vez eleita, quais são as suas prioridades em 2021 para avançar nesses pontos que não avançaram tanto na gestão do prefeito Marcelo Rangel (PSDB)?

O meu objetivo principal, agora, eu penso que é a inovação. A inovação no pensar, no falar, no agir, no governar, no cuidar das pessoas. Nós temos alguns projetos que vão continuar sendo consolidados, projetos que já tiveram sucesso, tanto é que o governo Marcelo Rangel recebeu seis prêmios de gestor público dos servidores da Receita Estadual. Então, tem pontos importantes que a gente só consolida, só continua. Agora, tem outras missões que são importantes, por exemplo, fazer com que a Prefeitura realmente seja a Prefeitura 4.0, que é uma prefeitura sem papel no máximo que puder. O prefeito Marcelo já iniciou esse processo, mas precisa ser incrementado. Então, a partir desta questão, eu preciso reestruturar administrativamente a prefeitura. Nós estamos fazendo esse projeto, que vai para câmara ano que vem para ser aprovado, que trata dessa reestrutura. Criando, aglutinando, fazendo diferenças nessa estrutura. Os nossos distritos precisam ser olhados com olhos especiais, a área rural especificamente que estou falando, precisa de uma atenção muito especial, porque eu percebo que é aí que a gente precisa fortalecer. E isso tudo vai levar em consideração o que eu preciso fazer para cidade preparando para o futuro. Agora, o maior dos desafios, que acredito seja para todos os prefeitos do Brasil inteiro e do mundo, é o desafio da retomada da normalidade, porque o enfrentamento da pandemia, todos os problemas que ela está provocando de ordem social, cultural, econômica, todas as questões, precisam ser direcionadas para volta da normalidade. Isso passa também pelo combate as desigualdades sociais, a erradicação da miséria. Eu sei que em quatro anos eu não vou conseguir fazer tudo isso, mas vou começar esse enfrentamento, porque esse é meu maior desafio e é por isso que estou aqui. Eu preciso fazer um choque de modernização e um choque de governança, porque já que foi tão histórico essa mudança de ser uma prefeita mulher, essa administração também precisa ser um choque.

A senhora já definiu a sua equipe? Como está a montagem do seu governo? Vai aproveitar colegas do secretariado ou vai fazer uma equipe nova mais com a sua cara?

Já tenho uns cinco ou seis nomes definidos, que já foram anunciados, porque já trabalhamos com eles desde a transição e para que as pessoas já fiquem sabendo quem é a minha equipe, a minha base estrutural. Nós vamos incrementar a mobilidade, a arquitetura social da cidade. Eu pensei em estratégias privilegiando áreas de negócio, de lazer, de envolvimento para toda cidade. Nós teremos a felicidade de comemorar 200 anos da cidade em 2023, será uma marca histórica. A primeira mulher prefeita vai comemorar os 200 anos da nossa cidade e preparando a cidade para o futuro. Nós temos aqui inúmeros conselhos, inclusive um Conselho de Desenvolvimento e um Núcleo das Indústrias de Ponta Grossa que tem uma tarefa que é preparar a cidade para 2043. Quando ela tiver 220 anos. Mas, para chegar lá, primeiro temos que pensar nos 200 anos. Ponta Grossa merece que tenha essa preparação para o seu futuro. Mantendo o crescimento econômico, incrementando o desenvolvimento social, porque não adianta só crescer, tem que viver socialmente, então por isso estou apostando nessa inovação toda. Principalmente focada nessa nova indústria que é o turismo, que é uma ferramenta de mudança social, uma ferramenta de inclusão social. O fortalecimento da secretaria nova que estou criando, que é a Secretaria da Família e do Desenvolvimento Social. A Casa da Mulher, uma concentração de áreas que possam dar atenção à mulher. Muitos me perguntaram, mas eu não vou criar a Secretaria da Mulher, porque eu penso que a cidade não é composta só por mulheres e fazendo isso eu estaria excluindo e eu quero um governo de inclusão, onde todas as pessoas vão ser olhadas e respeitadas. A prefeitura vai defender a mulher e todas as secretarias trabalharão para desenvolver políticas públicas que atingem as mulheres, os homens, os idosos, as crianças e assim por diante. Bem inclusivo para atender todas as pessoas.

Sua adversária no segundo turno, a deputada Mabel Canto (PSC), quando eu pedi pra fazer uma avaliação da gestão do Prefeito Rangel, reconheceu o avanço da cidade em infraestrutura, obras públicas, no desenvolvimento econômico, inclusive, mas criticou essa questão social. A senhora também reconhece isso? Que está na hora de olhar mais para esse povo da periferia e as pessoas com mais dificuldade, inclusive nessa retomada em que existem diversas pessoas perderam emprego?

O desenvolvimento econômico é importantíssimo para que se faça o desenvolvimento social, para que se olhe e se cuide das pessoas. Por exemplo, as entidades todas que ajudam a prefeitura a atender as pessoas que necessitam, todas as entidades serão atendidas por essa secretaria, que é a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social. Lá serão concentrados seis conselhos: Conselho da Mulher, Conselho do Negro, Conselho LGBT, Conselho da Pessoa com Deficiência, Conselho do Idoso e Conselho da Criança. A Casa da Mulher é um projeto bem interessante junto com a Universidade Estadual de Ponta Grossa. Nós estamos encaminhando um terreno ao lado do Núcleo de Práticas Jurídicas da UEPG. Ali queremos concentrar a Delegacia da Mulher, o atendimento psicológico, o atendimento jurídico, tudo que se refere no atendimento da Patrulha Maria da Penha. Fazer com que seja o lugar onde as pessoas poderão acessar esses serviços todos e ter encaminhamentos, ter atendimento especial. Então, não precisa ter uma Secretaria da Mulher, mas essa Casa da Mulher irá solucionar todos os problemas. O primeiro passo de agora é reorganizar essa estrutura administrativa da Prefeitura e a escolha dos secretários, tenho todos já.

Quando um prefeito novo toma posse, a gente sempre costuma esperar aqueles primeiros cem dias em que ele toma pé da situação do município, forma sua equipe e implementa os primeiros projetos. A senhora é vice-prefeita, essa situação de estar a par da administração não se aplica, a senhora já entra conhecendo muito bem como funciona a administração municipal e a situação do município. Diante disso, o que dá pra fazer nos primeiros cem dias? Quais os projetos iniciais da Professora Elizabeth?

Eu, sendo vice-prefeita, sei de muita coisa, conheço esse mecanismo todo, mas o grupo de transição já fez as reuniões e desde outubro a prefeitura está se mobilizando para fazer isso com todos os relatórios. Um dos assuntos interessantes da transição é a reunião de todos os temas que terão impacto muito importante nos próximos seis meses, não são só cem dias. Uma das pautas é exatamente isso: o que iremos fazer que terá impacto e que é importante que se trate desse assunto nos primeiros seis meses. O desafio maior é a volta às aulas, por exemplo. Quando irá acontecer? Nós temos um calendário que previa a volta dia 5 de fevereiro. E não vai acontecer dia 5 de fevereiro. Eu participo do Conselho Universitário da UEPG e foi votado o novo calendário. Retorno das aulas presenciais sabe quando? Abril. As coisas vão acontecendo devagarinho. Eu tenho outro assunto bem sério que é o transporte coletivo. Eu tenho que tratar disso imediatamente. Já está marcada também uma reunião com o Sindicato dos Servidores no dia 5 de janeiro para começarmos a discutir o plano de cargos e salários dos profissionais da saúde, que é a área mais impactada neste momento. A vacinação, como vai acontecer? É algo que preciso tratar nos cem dias. Temos a UPA Santana que está sendo inaugurada, que nós temos que fazer com que continue funcionando. A própria UPA Santa Paula, eu sei que tenho que fazer uma nova licitação. Tem várias questões bem interessantes que precisam ser tratadas.

A senhora citou a questão do transporte público. Em 2022 termina a concessão para do serviço em Ponta Grossa. O que esperar do próximo edital?

Nós temos que começar a falar do transporte público justamente porque em 2022 termina a concessão aqui. Então, temos que começar a discutir isso imediatamente. Nós sabemos que eles também estão sofrendo um impacto muito grande com relação à pandemia, um impacto enorme. Isso não é só em Ponta Grossa, é no Brasil inteiro. Caiu 50% o número de usuários do transporte coletivo, isso impacta diretamente a economia da empresa. Outra questão importante nos próximos cem dias é o CimSamu, que é o consórcio do Samu aqui em Ponta Grossa, o CimSaúde. O que eu vou fazer com o Mercadão Municipal? Vou fazer uma nova licitação e tem que ser já. São inúmeras questões que nessa transição, nessa equipe, já estamos tratando desses assuntos, que são os mais urgentes nesse momento.

Na questão da vacina, o prefeito Marcelo Rangel foi até São Paulo assinar um convênio com o Instituto Butantan para garantir a vacina para Ponta Grossa, o governador Ratinho Junior (PSD) fez um anúncio que vai esperar o plano nacional, que não vai fazer esse tipo de parceria. A senhora é do partido do governador. Como fica essa situação? Vai manter esse convênio e iniciar a vacinação assim que liberarem a Coronavac?

Todos os dias nós estamos vendo as notícias acontecendo. O secretário (Beto Preto) lembrou da autonomia dos municípios. Agora, é claro que eu vou estar junto com o governador Ratinho Junior, porque Ponta Grossa faz parte desses municípios que estão atrelados ao nosso governador. A questão que o prefeito Marcelo Rangel tratou é uma questão específica para o contrato específico da área da saúde, mas nós vamos ainda conversar sobre quais serão os passos para o estado do Paraná. Eu vou ter que avaliar tudo isso. Tenho que aproveitar tudo aquilo que foi passado, que foi acontecendo e foi direcionado para mim.

Nessa sua parceria com o governador Ratinho Junior surgiu uma proposta ousada que é 100% de asfalto na cidade de Ponta Grossa? Como viabilizar isso? Qual o investimento necessário? Qual será a parcela do estado e qual será a parcela do município para realizar esse sonho?

Esse é o maior dos desafios. Você não imagina como está sendo muito interessante com relação ao que falei sobre a união das pessoas. Eu recebi inúmeros deputados no meu gabinete indo me parabenizar e oferecendo emendas parlamentares para me ajudar. São 300 km que nós precisamos fazer. Eu já pedi, inclusive, na transição, um mapa do asfalto da cidade, o que já existe de pavimentação, o que não existe. Onde pode ser feito e o quê. O deputado Aliel (Machado – PSB) já me destinou R$ 2,5 milhões para pavimentação. O prefeito mesmo esteve em Brasília e trouxe R$ 30 milhões. Quer dizer, vamos começar janeiro com pavimentação, sim. Tenho quatro anos para fazer isso e vou incomodar Deus e o mundo para conseguir.

Que cidade a senhora recebe e que cidade a senhora quer entregar daqui a quatro anos?

Eu realmente estou recebendo uma cidade limpa, maravilhosa, com grandes investimentos. Uma cidade que está sendo um parque de obras, temos quatro viadutos sendo construídos, prédios imensos, o maior do Paraná está sendo construído aqui. A cidade está recepcionando e recebendo indústrias. Então, o que eu quero fazer com tudo isso? Eu quero avançar cada vez mais, com esse olhar de cuidado com as pessoas. Eu quero entregar uma cidade maior, melhor e mais humana.

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