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A difícil paz no trânsito
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Há quem tenha frequentado autoescola e saiu de lá conhecendo a legislação de trânsito, dicas de segurança e um pouco de mecânica. E até trocar pneu. Há, por outro lado, aqueles que, mesmo fazendo autoescola, parece que esqueceram tudo. Ou não aprenderam.
O professor Afronsius fez auto-escola, sim, autoescola com hífen, posto que a que frequentou é anterior à reforma ortográfica. Mas não vem ao caso. O que vem ao caso é que o vizinho de cerca (viva) de Natureza Morta está disposto a rasgar o diploma e a carteira de habilitação em praça pública. Ato de protesto.
– É incrível o que você presencia quando se arrisca a dirigir em Curitiba. Como a velocidade, a irresponsabilidade não tem limites. Ou por outra, os limites se limitam ao texto da legislação e das placas de sinalização. Na prática, pouca gente é obediente ao que dita a lei. E o bom senso.
Dirigir em Curitiba virou um grande perigo. Tanto que mudou a tradicional saudação de quem volta para casa: o “querida (o), cheguei” deu lugar ao “querida (o), sobrevivi”.

Queixas comuns

Tem gente que, como disse uma vez um guarda da Polícia Rodoviária, dirige de bota. Bota de chumbo. Pisa fundo. Foi multado por excesso de velocidade e, até porque, dirigia de sandália.
Outros dão marcha à ré sem olhar o que tem trás, pelo retrovisor. O sinal de ré surge porque não depende do motorista. O sistema do carro é que se encarrega do “aviso”.
O professor Afronsius, quando enfrenta o risco de dirigir, dá sinal (seta) quando vai dobrar à esquerda ou direita ou parar. Para reforçar, costumava a dar sinal também com a mão, pedindo à turma que vem atrás que reduza a velocidade. É que ele, para “tirar” carteira, fez exame no Detran. Com o teste da baliza. Mais: dirigindo durante o exame, não olhava para o inspetor quando era provocado a conversar. Sabia que o motorista não deve olhar para o vizinho do banco ao lado durante conversa ao volante.
É olho na pista à frente e no retrovisor.

Cadê o Código?

Não bastassem os barbeiros, há ainda no trânsito ciclistas na contramão, ciclistas ciclistas e aqueles que fazem entrega de galões de água. Além da imperturbável turma do skate, carrinheiros, caminhões de transporte de material de construção civil e de empresas de logística, aquelas que fazem a entrega de mercadorias. Nos velhos tempos, aliás, havia horário prefixado para operações de embarque e entrega de cargas.
– O que aconteceu? Revogaram o Código de Posturas?

Pisca-pisca

No início da semana, o BPTran realizou a Operação Pisca-Pisca, aplicando multas nos motoristas que fazem conversões ou mudam de faixa sem dar seta.
A falta de sinalização pode ser responsável por boa parte dos acidentes na cidade. Basta ver que, nos primeiros três meses do ano, os casos de abalroamento lateral registraram alta de 11%. Foram 206 contra 185 no mesmo período do ano passado.
Certo, nesse caso, está Beronha. Nosso anti-herói de plantão só anda no “pé dois”. É que foi reprovado no exame para a carteira de habilitação.
– Sem querer, eu atropelei o pé do guarda… Era pra dar ré e eu meti uma primeira, pra frente.
Hoje, mesmo pedestre, Beronha continua sofrendo no trânsito:
– Quase fui atingido duas vezes ao atravessar a rua na faixa de pedestre. Com o sinal verde autorizando uma passagem segura.
Natureza e o professor Afronsius decidiram tomar uma atitude: ingressar no Iptran Paz no Trânsito. O instituto foi fundado em 2010 com o objetivo de promover “ações de educação ao volante e campanhas que exijam maior fiscalização e punição dos crimes de trânsito”.
Tem razão Christiane Yared, fundadora da instituição. Em palestra, em novembro do ano passado, disse:
– Nós não aprendemos a dirigir, aprendemos a tirar a carteira.

ENQUANTO ISSO…


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