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A síndrome do sinaleiro
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Com uma frota de 914,3 mil carros, excluindo-se ônibus, motos, caminhões e carrinhos de mão, para não contribuir com a paranoia (e paranoia sem acento agrava a situação), Curitiba virou matriz de delírios de grandeza e/ou perseguição, estruturados de modo lógico. Como convém a uma paranoia.
A propósito disso, professor Afronsius anda intranquilo.
– Sinal dos tempos – tentou remediar Natureza Morta.
– Prefiro o velho sinal de trânsito.

Na contramão do bom senso

De qualquer modo, o vizinho de cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha prosseguiu desfiando o carretel de lamentações.
– Há quem já misture autorama com Mercadorama, confunda estepe com estrepe e, a cada parada, mergulhe na síndrome do sinaleiro, sentindo-se mais perseguido do que o Zorro pelo sargento Garcia. Ou seria o contrário?
– Tanto faz. A insanidade é a mesma.
– De fato. Tem cabôco que dirige o carro fosse uma enceradeira elétrica?
– Pior. Como se estivesse pilotando um escovão em dia de faxina em casa.

A cidade não cresce, incha

Somente no último ano, 28,3 mil automóveis foram adquiridos em Curitiba. É a oitava cidade mais populosa do país e a maior do sul, com população de 1.746.896 habitantes.
– Isso é bom ou é ruim? – Atalhou Beronha, que ainda alimenta o sonho de virar um feliz proprietário de um Fusca 66.
Para não chover no molhado, professor Afronsius preferiu ignorar a pergunta. E retomou a cantilena:
– Problemas apenas concentrados no horário de rush ou de pico? Isso não ocorre nem mais em autorama. Muito menos no Mercadorama.

Algumas outras constatações

– Cresce o número de motoristas que dirigem dando sinal de seta para os dois lados, para a esquerda e para a direita. Simultaneamente. E dos que reclamam que o trânsito virou computador.
– Computador?
– É. Está lento. Pior que o computador lá de casa e o do trabalho.
– Já estou convencido que a cidade inteira vai para onde estou indo. Na mesma hora e direção. E tem motorista (meia-roda) que se acha motorista preferencial, como cliente de alguns bancos. Ou que dirigem bem e o resto não passa de candidato a aprendiz de autoescola.

Os “visitantes” da noite

Alguns pesadelos se consagram e marcam presença todas as noites: os pneus do carro (os quatro mais o estepe) estão carecas e vão furar a qualquer momento, em plena via rápida às 18 horas em dia da semana. Levar multa duas vezes no mesmo dia – e do mesmo guarda. Ao sair de casa e voltar para casa.
Resultado: a síndrome do sinaleiro.
– Quando paro, ele demora e demora para abrir. De propósito. Quando vou me aproximando, é rápido para fechar e lá vem o vermelho, já que ele não acende o sinal amarelo.
O papo – ou sessão de lamúrias – termina quando a sirene do Siate risca o céu como um raio. A propósito: todo mundo sabe chamar o Siate, mas são poucos os que sabem o que realmente ele significa: Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência. O nome diz tudo. Trauma em emergência. Mesmo assim, é acionado para qualquer tipo de ocorrência no trânsito. Até as mais chinfrins.

ENQUANTO ISSO…


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