Não poucos visitam Curitiba e, depois, disparam farpas contra a cidade e sua “estranha tribo de que se alimenta de pinhões”. Não foi o caso de Stanislaw Ponte Preta, “o filho de dona Dulce” e “neto do Dr. Armindo”, apesar de alguns percalços.
A Revista do Lalau, Agir Editora, 2008, perpetua o registro do registro:
– Em 1966, quando do lançamento do Concurso de Contos (governo Paulo Pimentel), Sérgio Porto era obrigado a driblar a censura por conta do Febeapá 2 – o Festival de Besteira que Assola o País. Tanto que, antes de vir a Curitiba, enfrentou problemas em Brasília na noite de autógrafos do livro.
Sobre o concurso, escreveu:
– Ele vem deixando tudo que é contista abilolado: são dez milhões de cruzeiros arcaicos por três contos premiados.
Ao chegar ao hotel, encontrou “o coleguinha jornalista Araken Távora”:
– Estás trabalhando de porteiro agora? – perguntei.
Araken explicou que não; dirigia a revista Panorama e estava ali, na entrada do hotel, para avisar que o Juiz de Menores de Curitiba (o “juiz escoteiro”) tinha apreendido o meu livro.
– Fiquei besta, mas reagi e pedi ao coleguinha que mandasse saber do governo paranaense o que é que eu ia assinar, já que o livro tinha ido pra cucuia.
Logo veio a resposta, como conta: “O pessoal da Fundepar informava que o sr. governador se interessava pessoalmente pela liberação do Febeapá 2”.
– Era o Febeapá 3 sendo escrito pelo Febeapá 2!
Cerveja, não um discurso
Houve um almoço “onde todo mundo comeu e ninguém fez discurso”.
– Sabem lá o que é isto? Tudo que é almoço oficial em que eu me meto – por contingências alheias à minha vontade, naturalmente, que eu não sou picadinho relations – fico comendo devagarinho, com medo de discurso.
– Por isso esfriei quando o Dr. Munhoz da Rocha, uma das figuras mais importantes do almoço, inclinou-se sobre a mesa. Pronto!, pensei, ele vai pedir a palavra. Mas, felizmente, o Dr. Munhoz da Rocha pediu foi uma cerveja.
Depois do lançamento oficial do Concurso de Contos, Stanislaw conta que, à noite, antes do lançamento do Febeapá 2, “com farta distribuição de autógrafos, a gente foi jantar num restaurante onde a comida era tão boa que todo mundo falava baixinho”.
E, hoje, com o Febeapá 4 e 5 comendo solto, o que escreveria o Lalau?
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