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Ainda (e sempre) Zweig
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Uma data a ser lembrada, mas passou quase sem o devido registro. Os 70 anos da morte do escritor Stefan Zweig, em Petrópolis, mereceram manifestações esparsas.
Foi no dia 23 de fevereiro de 1942. Há quem tenha procurado Morte no Paraíso, do jornalista Alberto Dines, ou tenha se dedicado a uma releitura do livro.

“Demasiado impaciente”

Stefan Zweig, 60 anos, cometeu suicídio ao lado da esposa, Lotte (Charlotte Elizabeth Altmann), com uma dose de barbitúricos. Estavam no Brasil desde agosto de 1940. Aqui, além de Brasil – País do Futuro, concluiu sua autobiografia O Mundo Que Eu Vi, escreveu a novela O Jogador de Xadrez e as primeiras páginas de O Mundo de Ontem, abordando a Europa de antes de 1914.
“Deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa e sem esperanças no futuro da humanidade”, segundo biógrafos, Zweig deixou esta carta de despedida:
Declaração
Antes de deixar a vida, de livre vontade e juízo perfeito, uma última obrigação se me impõe: agradecer do mais íntimo a este maravilhoso país, o Brasil, que propiciou a mim e à minha obra tão boa e hospitaleira guarida. A cada dia fui aprendendo a amar mais e mais este país, e em nenhum outro lugar eu poderia ter reconstruído por completo a minha vida, justo quando o mundo de minha própria língua se acabou para mim e meu lar espiritual, a Europa, se auto-aniquila.
Mas depois dos sessenta anos precisa-se de forças descomunais para começar tudo de novo. E as minhas se exauriram nestes longos anos de errância sem pátria. Assim, achei melhor encerrar, no devido tempo e de cabeça erguida, uma vida que sempre teve no trabalho intelectual a mais pura alegria, e na liberdade pessoal, o bem mais precioso sobre a terra.
Saúdo a todos os meus amigos! Que ainda possam ver a aurora após a longa noite! Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes.
Stefan Zweig.
Petrópolis, 22. II. 1942.
Em Brasil – País do Futuro, finalizou o livro assim:
– Quem teve a sorte de conhecer uma parte apenas da inesquecível superabundância do Brasil, já viu beleza suficiente para o resto da vida.

ENQUANTO ISSO…


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