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“Amei um Bicheiro”
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Ao ler o título, Beronha ficou escandalizado. “Aqui, farroupilha! Comigo não, violão!”, bradou nosso anti-herói, até que foi acalmado por Natureza Morta. Trata-se do título de um filme brasileiro, de grande sucesso na época (1952) e que até hoje mantém seu encanto. Dirigido por Jorge Ileli e Paulo Wanderley, uma produção da Atlântida Cinematográfica, tinha no elenco Cyl Farney (o bicheiro), Eliana, Grande Otelo, Jece Valadão, Wilson Grey (o magrinho sempre presente nas telas) e José Lewgoy.
A história: jovem do interior (Cyl Farney) chega ao Rio e acaba se envolvendo com o jogo do bicho. É preso e passa algum tempo na cadeia. Ao sair, muda de vida e se casa com Laura (Eliana). Luta para viver honestamente, mas a esposa precisa fazer uma cirurgia. Sem dinheiro, volta à contravenção. Aí, tromba com o poderoso chefão do bicho, de nome Almeida. Quem faz o papel de bandidão? O Zé Lewgoy, é claro, o eterno vilão das chanchadas.

Façam o jogo, senhores…

Falamos do bicho porque ele continua à solta. E agora acoplado a outras contravenções, caso dos caça-níqueis. Nas últimas semanas, em Curitiba, a polícia fez várias apreensões de máquinas.
Não é de hoje essa queda de braço. O ponto (de partida) foi o decreto-lei 9215 (Beronha anotou o número, uma boa milhar, segundo ele), de 1946, assinado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. O decreto restabelecia a vigência do artigo 50 e seus parágrafos da Lei de Contravenções Penais (decreto-lei 3688/41, de Getúlio Vargas).
A proibição acabou com os cassinos e até hoje provoca polêmica. Cassino gera emprego, cassino atrai turistas etc etc, alegam os defensores da legalização do jogo. A discussão vai longe.

Marechal em ação

Contam os historiadores que o marechal Dutra teria proibido os jogos de azar para atender pedido da esposa, dona Santinha. Eram 3 os pedidos. Os outros dois: construir uma capela no Palácio Guanabara, residência oficial do presidente, no Rio, e extinguir o Partido Comunista Brasileiro.
Azar? Azar mesmo foi o do personagem de outro filme, “E o Bicho Não Deu”, de 1958, dirigido por J. B. Tanko. Na comédia, que teve Sérgio Porto na elaboração do roteiro, um policial faz de tudo para acabar com a banca do jogo do bicho instalada numa floricultura. Mas, depois de uma queda, passa a sofrer de amnésia. Em dados momentos pensa e age como bicheiro. Ao ouvir um apito, no entanto, volta a ser policial. Ao investir contra a floricultura, um macaco foge do estabelecimento.
A vizinhança não perde o palpite. E dá-lhe macaco na cabeça, seco e molhado. Aliás, qual é o número do macaco no bicho? Natureza não sabe. Ele jura nunca fez uma fezinha.
Podem apostar, ressalta.

ENQUANTO ISSO…


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