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Embora devidamente convidados, o professor Afronsius, Natureza Morta e Beronha não puderam marcar presença no Paço da Liberdade, centro de Curitiba, para o lançamento de mais um livro de Dante Mendonça: “Maria Batalhão – Memórias póstumas de uma cafetina”.
Publicado pela Editora Esplendor, abre o baú e revela segredos e aventuras de Maria Batalhão, “uma mulher de espírito forte que se torna a rainha dos prazeres para uma multidão de poderosos, militares e grã-finos”.
O livro foi vendido na sessão de autógrafos a R$ 45. A entrada era franca.
– Com a Maria Batalhão não tinha nada que fosse entrada franca – comentou Beronha.

De MB a dona Loló

Aproveitando o tema outrora “cabeludo” para ser comentado à luz do dia, Natureza Morta lembrou da casa da Loló, em Frondosa. E teve que explicar: trata-se de uma criação de Luis Fernando Verissimo, no livro “Os Espiões”, Editora Alfaguara, 2009.
Frondosa é uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, onde dona Loló mantinha um bordel, atrás do cemitério. O caminho mais curto era cortar pelo cemitério, ou, como diz Verissimo, “atalhava-se pelo cemitério”. Assim, para não dar uma baita volta, alguns figurões da turma da principal bodega da cidade despistavam recorrendo a uma espécie de “senha”.
– Vou visitar o túmulo da mamãe…
O bordel da Loló e as falsas idas ao cemitério entraram no folclore da cidade, tanto que “até maridos com mãe viva começaram a usar a frase”.

Bordel vira monumento

Sobre a decantada moralidade (e bons costumes), o professor Afronsius não perdeu a chance para citar um caso real. Está no livro, “Getúlio – Dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930)”, de Lira Neto, Companhia das Letras, 2012.
Relata ele que, em 1925 (!), o Clube dos Caçadores provocara a indignação das pessoas mais conservadoras de Porto Alegre ao anunciar a construção de uma filial em plena rua da Praia, “bem diante das casas de modas e das confeitarias frequentadas pelas senhoras distintas da cidade”.
Tratava-se do “mais concorrido cassino e bordel de luxo da cidade”. Diante da “grita moralista”, a direção do clube mudou a estratégia: cancelou o projeto e tratou de passar o imóvel para a Companhia de Força & Luz, que providenciou a instalação de escritórios no local, proporcionando “uma destinação bem menos suspeita aos aposentos localizados nos fundos do prédio, cuja planta previa acessos discretos e, em alguns casos, secretos”.
Uma vitrine “feericamente iluminada”, com “as maravilhas tecnológicas para o lar moderno”, transformou “uma libertina casa noturna em um verdadeiro monumento à eletricidade”, aos tempos modernos.
Para encerrar, sem fugir dos estratagemas, nosso anti-herói de plantão pediu licença ao professor Afronsius e ao solitário da Vila Piroquinha:
– Está na hora. Vou à missa – e partiu em marcha batida rumo ao Bar VIP, que fica no caminho, a uma quadra da igreja.

ENQUANTO ISSO…


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