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Cerveja goela abaixo
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Como em qualquer guerra, quem entra pelo cano mesmo é a população civil. Nenhuma novidade. A (possível) novidade é que o comentário partiu do Beronha, para surpresa geral e, em especial, de Natureza Morta.
– Afinal, o que está acontecendo? – quis saber o solitário da Vila Piroquinha.
– Não sabe? Vive em qual planeta? Na Lua?
– Em primeiro lugar, a Lua não é um planeta. É um satélite da Terra.
– E daí, qual a diferença? Se ela fica pregada lá em cima, toda noite, dá no mesmo.
Natureza parou, pensou e tratou de reiniciar – ou reinicializar, como se diz hoje – a conversa. O que se passa?

Imposição líquida e certa

Beronha anunciou que ganha copo, ou melhor, ganha corpo, a guerra entre os grandes grupos proprietários de cervejarias, para desespero dos usuários…
– Usuário, não, você quis dizer consumidor – consertou Natureza.
– Ué, não tem gente que acha que cerveja é uma droga?
Mais uma vez, de volta à estaca zero. Segundo nosso anti-herói de plantão, a exemplo de verões e carnavais passados, está faltando cerveja em muitos pontos da cidade.
O dono do bar pede, a AmBev aceita o pedido e a encomenda não chega. Botam a culpa na logística, é claro. Sempre ela.
Na Vila Piroquinha, onde, mais do que nunca, cerveja é chamada de “precioso líquido”, encontrar uma Antarctica – mesmo que não esteja bem gelada – virou loteria. Só sorri e comemora quem tem sorte.
Para provar que existe de fato a tal guerra, escasseia a oferta da tradicional Antarctica, mas eis que ressurge, e em monumental abundância, a Sub Zero.
Lançada em 2009, a dita cuja não emplacou, mas, por imposição vinda de cima, temos o seu triunfal retorno.

Beco sem saída

Com o monopólio implantado no país – ou oligopólio? -, acabou a saudável livre concorrência. E ficamos ao sabor – sem trocadilho – dos fluídos dos donos da bola. Adeus escolha pessoal, una e intransferível.
A tal Sub é mais barata, mas não se trata de preço, e sim da preferência de cada um,
mais o igualmente sagrado direito de decisão por parte de quem mete a mão no bolso.
Temendo pelo futuro próximo (a longo prazo estaremos todos mortos), Beronha já pensa em procurar a Sunab para formalizar uma denúncia contra o abuso. Um crime de lesa-pátria quando chega o verão e tem pela frente as festas de fim de ano e o Carnaval, segundo ele.
Informado de que a Sunab não mais existe, ficou apavorado:
– E se a turma decidir relançar a Malt 90? A quem recorrer?
– É, aí não tem jeito – concordou Natureza, soltando um suspiro ao lembrar os velhos e bons tempos da Antarctica e da Original produzidas em Ponta Grossa.
– Inconfundíveis pela qualidade da água e sempre com entrega pontual, garantida.
– Fui informado que era de lamber os beiços mais o bigode – completou nosso anti-herói de plantão. Que tratou de tomar o rumo do bar VIP.
– Vou tentar a sorte…

ENQUANTO ISSO…


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