• Carregando...
Dando nó na língua (e na cuca)
| Foto:

A discussão, prós e contras e muito pelo contrário, não é de hoje. A tal reforma ortográfica, a mais recente.  Realmente, engolir voo sem acento circunflexo – ou chapeuzinho em cima do o – e ideia sem acento agudo é dose até para gênio ou quadrúpede, que, aliás, mantiveram a grafia anterior.

– É de causar enjoo, ou melhor, engulho, sim, engulho, posto que enjoo não leva mais acento – conforme professor Afronsius.

Uma “briga” antiga

Vai daí que a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, pinçou a informação: vem desde o início do século XX a busca de um modelo de ortografia “que possa ser usado como referência nas publicações oficiais e no ensino” de países lusófonos.

Pausa. Para explicar ao Beronha o que vem a ser lusófono. Não se trata de palavrão, embora possa soar como tal. Lusófono diz respeito a povos que falam o português.

Do século XVI ao século passado, o XX, tanto em Portugal como no Brasil garimpava-se a raiz latina ou grega para as palavras escritas. Em 1907, a Academia Brasileira de Letras deu início à simplificação da escrita em suas publicações.

– Quem sabe foi aí que, no uso corrente, preboste deixou de ser (o velho) juiz militar – arriscou professor Afronsius.

– E esculápio e facultativo deram lugar à palavra médico – acrescentou, também arriscando, Natureza Morta.

Em 1910, com a República, Portugal estabeleceu uma ortografia simplificada e uniforme.

Um ano depois, tivemos a primeira reforma ortográfica visando uniformizar e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que não abrangeu o Brasil. Só em 1915 a Academia Brasileira de Letras decidiu por uma melhor sintonia entre a nossa ortografia e a portuguesa. Mas, 4 anos depois, a ABL revogou a resolução.

1924: a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras estudam uma grafia comum.

1929: a ABL lança um novo sistema gráfico.

1931: aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, procurando remover as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa. Tal Acordo não saiu do papel.

1943: primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal, na qual foi redigido o Formulário Ortográfico de 1943.

1945: o Acordo Ortográfico, lei em Portugal, não foi ratificado pelo Brasil, que continuou sob o guarda-chuva da ortografia anterior, o vocabulário de 1943.

1971: o Brasil oficializa as alterações, reduzindo as divergências ortográficas com Portugal. Dois anos depois, Portugal faz o mesmo.

1975: a Academia das Ciências de Lisboa e a ABL elaboram novo projeto de acordo, que não foi aprovado oficialmente.

1986: reunião dos sete países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe) no Rio de Janeiro. No encontro, promovido pelo presidente José Sarney, é apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

1990: por iniciativa da Academia das Ciências de Lisboa, novo encontro com a ABL, oferecendo a base do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. O documento entraria em vigor no dia 1º de Janeiro de 1994, após “depositados todos os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto ao governo português”.

1996: o último acordo acabou ratificado apenas pelo Brasil, Portugal e Cabo Verde.

2004: os ministros da Educação da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) reuniram-se no Brasil para propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os membros.

2009 – o governo brasileiro decide adiar a entrada em vigor do Acordo em sua plenitude. Ficou para 2016.

O jeito é esperar. Jeito ou geito?

ENQUANTO ISSO…

3 outubro

 

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]