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Daqui não saio, daqui…
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Mais um feriadão que se vai. Ou se esvai. Parece que cada vez passa mais rápido, comentou o professor Afronsius, para quem feriadão tem um bom momento e um, reverso da medalha, péssimo. Bom na hora de viajar – apesar do trânsito; ruim, é claro, quando toca o sinal para debandar.
Mas não só por isso tem gente que prefere ficar em casa. Afinal, cidade “vazia” também tem lá seus atrativos. É o caso de Natureza Morta. Na semana retrasada, indagado sobre qual destino tomaria, o solitário da Vila Piroquinha deu a sua resposta tradicional:
– Daqui não saio, daqui ninguém me tira…

Sucesso com protesto

Aproveitando, foi em frente, recordando a marchinha de Romeu Gentil e Paquito, sucesso do Carnaval carioca de 1950:
Daqui não saio!/
Daqui ninguém me tira!/
Onde é que eu vou morar?/
O senhor tem paciência de esperar!/
‘inda mais com quatro filhos/
Onde é que vou parar?!…
Sei que o senhor/
Tem razão de querer/
A casa pra morar/
Mas onde eu vou ficar?!/
Nesse mundo ninguém/
Pede por esperar/
Mas já dizem por aí/
Que a vida vai melhorar/
Professor Afronsius concordou quanto a cidade “vazia” é bem melhor:
– Cai a presença da população canina, que toma conta cada vez mais dos espaços.
– Diminui a carga fecal canina, nas calçadas, praças, logradouros…
– Você fica compulsoriamente dispensado do almoço de domingo na casa da digníssima sogra.
– O Atlético é capaz de aplicar uma goleada de 6 a 0. Sem contar com o Ziquita…
– Cessa o barulho na construção de prédios ao lado.
– Diminui a sinfonia das descargas nos vasos sanitários do condomínio, concerto que vai ao ar pontualmente às 7 da manhã.
– Você corre menor risco de ouvir “com certeza”, “belê”, “tá ligado”…
– Até shopping fica tolerável…
Natureza deu um breque e voltou a Romeu Gentil, Paquito e a marchinha, “uma baita marcha de protesto”.
– E a reforma urbana? Nada. Se até a reforma agrária patina, imagine a urbana.

Na santa paz do oásis

Já Beronha, intimado a declarar sua posição, nem pensa em mudar (mesmo temporariamente) de ares. Permanece no bar VIP, que, segundo ele, foi declarado pela ONU como serviço de utilidade pública. Não fecha nunca.
– Um oásis. Pra quê deixar a cidade? E, em feriadão, fica menos lotado. O atendimento sobe de nota 3 para 4. Ou 5, dependendo da cara do freguês.
De qualquer modo, ficou pensando nos milhões de veículos que estarão, hoje e amanhã, rodando de volta a seus lugares de origem. Só em São Paulo, cerca de 1,8 milhão de carros deixaram a capital para o feriadão de 7 de Setembro.
E, ainda na linha de “utilidade pública”, posto que tem tempo de sobra, Beronha elaborou o calendário dos feriadões que ainda restam: 12 de outubro, uma sexta-feira, Dia de Nossa Senhora da Aparecida; 2 de novembro, sexta-feira, Finados; 15 de novembro, quinta-feira, Proclamação da República (quinta? Dá para emendar até domingo…); 25 de dezembro, terça-feira, Natal (terça? Que tal colar sábado, domingo e segunda à data?).
– Ainda há feriadões para contentar gregos e etruscos (sic), quem gosta de sair e quem gosta de ver a cidade toda murcha – fechou nosso anti-herói de plantão.

ENQUANTO ISSO…


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