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De Cabral à internet
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O Banco Mundial divulgou um listão com os nomes de envolvidos em 150 casos de corrupção, mutretas de alto escalão – internacional, é claro. O Brasil marca presença com duas figurinhas carimbadas, como diz Beronha, nosso anti-herói de plantão:
– Não ganha um prêmio quem acertar… É barbada demais.
Natureza Morta ateve-se ao noticiário da briosa, brava e indormida imprensa: estão lá o ex-prefeito e atualmente deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) e o banqueiro Daniel Dantas.

Fama além fronteira

Professor Afronsius aproveitou o gancho e, no dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, lembrou que, em 2010, Maluf já tinha pontificado em outra lista internacional, a de procurados pela Interpol. Foi incluído no arrastão chamado “difusão vermelha”, a pedido da Promotoria de Nova Iorque. Resultado de uma investigação conjunta de promotores brasileiros e americanos, iniciada no Brasil em 2001. Em 2007, a Justiça americana determinou a prisão de Maluf “pelos crimes de conspiração, auxílio na remessa de dinheiro ilegal para Nova Iorque e roubo de dinheiro público em São Paulo”. Mas não pôde cantar de galo em quintal alheio.
O The Grand Corruption Cases Database Project, do Banco Mundial, reúne informações de casos em que foram comprovadas movimentações bancárias de pelo menos US$ 1 milhão, relacionadas à corrupção e lavagem de dinheiro, no ano passado. Segundo o estudo (estudo? Não seria prontuário policial?), a corrupção movimenta cerca de US$ 40 bilhões por ano no mundo. A fina flor do afano.

Valeu Prêmio Esso

Prêmio Esso de Jornalismo de 2009. Reunidos no Rio de Janeiro, 25 jornalistas de todo o país, que analisaram mais de mil e 500 trabalhos inscritos. Na categoria Melhor Contribuição à Imprensa, um candidato chama a atenção de modo especial: Museu da Corrupção.
Trata-se de um site que, “usando os modernos recursos da Internet, trata, exibe e arquiva os casos de corrupção que povoam o Brasil desde os tempos de Cabral”, informa o relator do projeto. A iniciativa de criar o museu partiu do setor de imprensa da Associação Comercial de São Paulo, que edita uma revista e um jornal.
Um amigo de Natureza, que estava lá (na comissão julgadora, não no Museu), conta que, encerrada a apresentação, houve clara discordância. E um dos jurados quis saber como seria possível “inaugurar” o Museu se, entre os diretores da Associação Comercial de São Paulo à época, estava o indigitado Paulo Salim Maluf.
A garantia: a diretoria da entidade não interfere em nosso setor.
E o Museu da Corrupção acabou levando, também, o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa. O tocaio de Natureza não votou na indicação. Afinal, boa parte dos casos catalogados ainda não tinha transitado em julgado. Seu voto, como o da grande maioria, foi destinado, de imediato, para outro site, o Congresso em Foco, “por seu trabalho jornalístico de cobertura diária e vigilância quanto a denúncias dos descalabros de políticos”.
Encabeçando a lista, levou o Prêmio de Melhor Contribuição à Imprensa. Por esmagadora maioria de votos. O Museu foi a reboque. Fica o registro.

ENQUANTO ISSO…


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