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De repente, chuva
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O que é pior? Chuva, chuva sem parar, ou os comentários sobre a chuvarada em Curitiba? No Bar VIP da Vila Piroquinha, segundo observação do professor Afronsius, há quem já se confesse cansado de ouvir a ladainha:

– Que chuva, hein?

– Mas como chove, né?

– Vamos virar sapo.

– Sapo congelado.

– São Pedro deve ter se esquecido de fechar as torneiras…

No entanto, eis que, ainda que motivado pelo aguaceiro que parece não ter fim (e será que vai ter? há quem duvide), um velho parceiro do professor Afronsius consegue “inovar”. Mesmo sem fugir chuva.

Já nas barrancas do Ivaí

Foi na aprazível São João do Ivaí. Quem contou foi Donizette (isso mesmo, com dois tês), também conhecido como Maringá, o amigo do professor Afronsius. Belo dia, céu de brigadeiro, pegou as tráias e se mandou para as barrancas do Ivaí.

– Poderia ser o Rio Macaco, o Rio Bulha, o Rio Água Rica ou o Corumbataí, mas decidi manter a rotina. Em todos os sentidos.

No caminho, numa bodega de beira de estrada, completou o farnel com um litrão de cachaça.

– Da boa.

Mais adiante, emprestou, como sempre, a canoa de um compadre e desceu o rio. Na barranca mais aconselhável, amarrou a dita cuja. No atalho pela mata, chegou ao pesqueiro.

– Só vendo! Era peixe atrás de peixe. De todo tipo. Peixe grande, bonito. Até bagre, antes da hora. Como se sabe, bagre dá na tardezinha…

Tudo concatenado. O dia ia ser realmente inesquecível.

Nuvens distantes

O tempo escorria mansamente quando, na pausa para acender um cigarrinho e dar uma talagada (afinal, ninguém é de ferro), Donizette (com dois tês) percebeu nuvens escuras se agrupando no horizonte. Chuva. Mas longe, bem longe.

– De volta aos peixes, continuei enchendo o samburá. Já o segundo. O primeiro estava mais lotado que ônibus às 6 e meia da tarde no meio da semana.

Raios e trovões ao longe.

De olho na linha, eis que percebe mudanças no nível e no correr das águas.

– Epa! Que se passa?

O Ivaí começava a subir, ameaçadoramente revolto.

– Quando dei uma espiadela pro lado, vejo a canoa descendo o rio, bela e formosa, afastando-se da margem. Nossa! Como a sorte estava ao meu lado, consegui fisgá-la com o cabo do caniço.

– E aí?

– Bati em retirada. Por precaução, tratei de içar a canoa para terra firme, coloquei pedras em cima (nunca se sabe o que acontece num temporal) e me mandei. Marcha batida. Gozado, não caía e nem caiu um pingo de chuva onde eu estava.

De volta à bodega, a turma continuava enchendo o caneco.

– Tomei a saideira, mostrei a peixarada para esnobar e voltei para casa. Foi uma chuva que não vi nem me molhou, mas nunca mais esqueci a dita cuja invisível.

Fim de papo. Voltou a chover em Curitiba. Professor Afronsius, Natureza Morta e Beronha saem cantando pneu. Pneu ou galocha?

ENQUANTO ISSO…

1 jul

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