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Durma com um barulho desses
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A cruzada contra a pichação em Curitiba – “pichar é crime, denuncie – fone 153” – parece que não vai dar em nada. Até porque alguns painéis da prefeitura, com a convocação “denuncie”, já foram devidamente “carimbados” por pichadores. Eternamente de plantão.
Nada de novo. O dono de uma pequena loja, na vizinhança do professor Afronsius, já jogou a toalha e os pincéis no ringue, ou no lixo. Faz tempo. Cada vez que a fachada do estabelecimento amanhecia pichada, cidadão consciente e responsável até esse ponto (ou “burro”, segundo alguns observadores), via-se obrigado a meter a mão no bolso para providenciar nova mão de tinta sobre a pintura.
– Entre a mão no bolso e a mão no spray, venceu a turma do spray.

Há diferença mesmo?

Quanto à alegada distância entre pichação e grafitagem, esta o primo rico da primeira, para o professor Afronsius a única diferença é que, no início, todas as mensagens eram diretas. Não os enigmáticos signos de hoje. Um exemplo clássico, encontrado, aliás, num imponente arenito de Vila Velha:
– Zé Mané esteve aqui. Setembro, 1974…
Ou, numa pedra, beira da estrada, acesso a uma cidadezinha:
– Aqui tem Casas Pernambucanas.
– E pensar que, antigamente, mas não muito antigamente, o que mais incomodava a vida dos pacatos cidadãos da Vila Piroquinha era o barulho da cachorrada latindo, além da algaravia dos gansos de plantão. Ou do Godzilla, sempre aos domingos – atalhou Natureza Morta.
– Godzilla?
– Sim. Papagaio. Do Rosbife.
– Papagaio do Rosbife?
– Sim. E com dois eles. Aos domingos, o Rosbife, como se sabe dono do Bar VIP, colocava o louro Godzilla numa torrinha que ficava no topo de um mastro, no fundo do quintal. O papagaio, tagarela como ele só, botava a boca no trombone sem parar, provocando até despertar os vizinhos. Ou tirar da cama.
– Tal qual a Mulher da Cobra 33?
– Precisamente. Aliás, segundo a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, ela, a mulher, mudou de ares. Não vende mais bilhetes de loteria na esquina da XV com a Monsenhor Celso, mas dá plantão em rua próxima, em frente a uma loja, bradando ofertas e oportunidades à possível clientela que passa.

De volta ao Godzilla de asas verdes

Novamente o Godzilla do Rosbife. Diante do insucesso das reclamações, belo fim de semana o bicho tomou chá de sumiço. Mistério. Dele e do mistério só foram encontradas algumas penas. Bem espaçadamente espargidas a alguns metros do quintal. O enigma persiste até hoje. Sem suspeitos…
Aí Beronha, nosso anti-herói de plantão, que a tudo ouvia, pediu licença, alegou ter um compromisso importantíssimo, e se mandou. À sorrelfa.
Há, agora, outras coisas que incomodam. Além da pichação e do papagaio do Rosbife, é claro. A tal poluição sonora sobre rodas. Difícil de apagar, ou melhor, desligar. E silenciar.

A lei contra o treme terra

Em São Paulo, a Câmara Municipal aprovou projeto que prevê multa de R$ 1 mil para carros ou pessoas com equipamentos que emitam som alto depois das 22 horas pelas ruas. O valor pode duplicar em caso de reincidência e até quadruplicar na terceira infração.
O limite previsto no projeto para que um som seja classificado como alto é de 50 decibéis – som mais baixo do que uma conversa normal entre duas pessoas – pessoas normais, por supuesto, mas que, segundo os vereadores, é acima do limite considerado prejudicial para o organismo humano.
Fica a pergunta, inevitável como sempre:
– Também o carro com equipamento de som treme terra, fazendo ouvidos moucos, vai levar a melhor atropelando a lei?

ENQUANTO ISSO…


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