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Engazopadores em ação
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Responda rápido: o que é espargânio? Acatisto? E centáuras? Parabéns, acertou. E o que significa peripatético? Pancrácio? E (essa é fácil) telúrico?
Pois é. Natureza Morta acordou hoje com com o pé esquerdo. Ou direito, dá na mesma.
E a vítima do bombardeio de perguntas à queima roupa foi Beronha, nosso anti-herói de plantão, para quem catavento é hélice de helicóptero e preboste um tremendo palavrão.
Depois, mais calmo – graças à taça de chá de camomila -, o solitário da Vila Piroquinha tratou de se desculpar.
– Acordei hoje meio irritadiço.
– Irritadiço? Isso é irritadaço

Questão de repertório

Agora, mais no remanso, por conta da segunda taça de chá de camomila, Natureza explicou que, depois de devorar à noite um livro sobre física quântica, foi deitar chateado. Não soube “traduzir” uma coisa do texto: a Constante de Planck.
Para desopilar o fígado, recordou um fato verídico, que mostra a importância do repertório.
– Repertório? Um conjunto de conhecimentos. Sem repertório, você se comunica e ouve mal.
O caso: tempos atrás, em Curitiba, um certo jornal de pequena circulação tentou “morder” a prefeitura. Sem sucesso. Ato contínuo, passou a descer a lenha no alcaide.
Nessas alturas, poucos se importavam com a malhação, até que veio “a” manchete bombástica. Letras grandes, ou garrafais, como se dizia:
– PREFEITO ENGAZOPADOR!
Foi aquela correria. Correria aos dicionários, principalmente na assessoria direta do chefe do executivo municipal. “Vamos processar todo mundo”, gritavam alguns.
A maioria, e não apenas lá, no reduto do alvo, achava que era palavra de baixo calão. Pior do que xingar a mãe, tapa ou cuspida na cara.
Até que um dos luminares de plantão matou a charada:
– Engazopador é quem engazopa, quem engana, tapeia os outros.
– Ufa! Ainda bem… – teria suspirado o prefeito, já meio apoplético.
Conclusão de Natureza:
– Quem não tem repertório, ou apenas engazopa, se trumbica, via de regra.
E fechou o papo. Antes, porém, teve de responder uma pergunta de Beronha:
– Não. Não, o jornal acabou fechando. Sem a verba da prefeitura. O jabaculê, como se dizia.
Jabaculê ou capilé, tanto faz, uma velha prática nativa que, infelizmente, ainda resiste – e perdura.

ENQUANTO ISSO…


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