Depois de ler pela manhã que, no Japão, a Japan Airlines e a All Nippon Airways cancelaram, ontem, quase 150 voos, por conta da neve, afetando milhares de passageiros, professor Afronsius estufou o peito e saiu de casa para enfrentar o calorão nosso de cada dia.
– Cada um com os seus problemas.
Voltou mais bronqueado do que muitos japoneses.
É que, não demorou muito, viu-se sob um temporal. Mais adiante, nada de chuva. Noutro ponto, mais chuva. Ou seja, tudo dependia dos bairros de Curitiba que ia percorrendo.
Presumiu:
– Trata-se do resultado de uma esmerada programação, calcada nas ZR. Zonas residenciais. Cidade de primeiro mundo, como alardearam e ainda insistem alguns, teria de dar o exemplo.
Concluída a jornada, reclamou. De vários problemas. Trânsito caótico, pedestres atravessando a pista sem olhar para os lados (só miravam o celular ou coisas do gênero), trombadas, Siate e Samu em ação, sem parar (são uns heróis!), fila nos supermercados, falta de cerveja em muitos botecos etc etc.
E, no início da noite, incrível, a temperatura desandou. Finalmente. Para baixo.
O curitibano voltou ao seu lar, doce lar. Chuva e frio.
Mas o que causou mais espanto para o professor Afronsius foi outra coisa. Outra contribuição da natureza. A pedrinha. Mais precisamente uma pedrinha no sapato. É, ainda existe isso. No meio do caminho, não sabia se parava para tirar o sapato e se livrar da dita cuja ou seguia em frente. Dúvida cruel. Debaixo de chuva, o desconforto vinha de baixo.
– Não é que ainda existe tal chateação, no meio de tantas outras, a velha pedrinha no sapato?
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