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Estética e ética, segundo GR
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Falar sobre cinema sempre é bom. E pode render boa bilheteria, principalmente quando for em 3D, como prefere Beronha. Mas foi pensando em ética e estética que o solitário da Vila Piroquinha, da falta de um interlocutor, foi atrás de um livro.
Estava lá Cinema Moderno/Cinema Nôvo, de 1966, daí o acento em novo. Glauber Rocha, que nos deu obras-primas como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol, analisa a função do diretor (ou do autor). E não deixa por menos, ao citar frase de Luc Mullet, para quem “um movimento de câmera é uma questão de moral”.

Posição e ângulo

Explica Glauber, que Natureza Morta conheceu ainda jovem, quando o bom baiano assinava crítica de cinema no falecido Diário Carioca, que não existe uma posição de câmera, um ângulo, uma composição determinada para filmar uma cena.
“O que existe é uma posição moral do diretor. E, se o diretor não tem nenhuma moral, assume a posição de câmera que convém ao produtor, ou seja: a melhor posição de câmera que faça esta cena ser mais comercial”. E vai adiante, com um exemplo geral: “O cinema de Hollywood, onde o cinema, não tendo moral, é o que mais tem dinheiro. Quando as possibilidades de linguagem se esgotam, estamos prontos para ser puramente morais. Falamos, aqui, dos diretores que, havendo confundido ética com estética, terminam compreendendo que a melhor posição estética é uma posição ética”.

Questão de lucidez

Para Glauber, qualquer ética é mais lúcida do que a estética. Ao afirmar que uma cena pode ser fotografada e interpretada de várias maneiras por vários diretores diferentes, cita Chaplin no caso de um casal (João e Maria) que é observado por um leão – “atrás de uma árvore aparecem dois olhos brilhantes”… Chaplin a transformaria em comédia. Welles (Orson) num filme de terror. Godard numa crítica ao próprio assunto. Rosselini faria uma fria observação, procurando disto extrair um sentido filosófico. Um diretor comercial faria uma cena comercial. Daí a necessidade da ética, a que se referimos no início.
Ah, o livro é da José Álvaro, Editor, do Rio, e traz ainda textos de Augusto Dahl, Luis Carlos Maciel, Norma Bahia Pontes, Paulo Perdigão, Flávio Moreira da Costa, Jaime Rodrigues e David Neves.

ENQUANTO ISSO…


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