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Haja humor
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Não são poucos os que garantem: sem o embalo das piadas, o homem ainda estaria rastejando e praguejando pelas cavernas. E, felizmente, não há regime que sufoque o fluxo de uma boa anedota. Prova disso está no livro Foi-se o Martelo – A história do comunismo contada em piadas, de Ben Lewis, que acaba de ser lançado pela Record.

Fica-se sabendo, inclusive, que Stalin recorreu ao humor (dele) para tentar popularizar o regime. Depois, é claro, viu-se forçado a despachar para a Sibéria quem fazia piadas contra. Segundo o livro, em 1953, quando Stalin bateu as botas, havia 2,5 milhões de presos no Gulag – quase 200 mil por contarem piadas. Que não agradaram.

No início, o dedodurismo oficial implicava em remeter relatório por escrito às autoridades superiores – com o teor das piadas. Tiro pela culatra: mais gente tinha acesso ao anedotário e se encarregava de passar adiante a “cultura cômica do mundo comunista, em torno de filas, escassez de alimentos, burocracia, culto da personalidade” e etc.

Rir (ainda) o melhor remédio

A propósito de rir da própria desgraça, como um lenitivo para as agruras do momento, professor Afronsius recordou alguns lances do tempo da ditadura civil-militar de 64. Desfile de 7 de setembro, eis que surge à frente de uma tropa o general Milton Cruz. Montado num cavalo branco. No palanque oficial, o general Figueiredo não resistiu:

– Olha o Mimi! Ele pensa que é Napoleão…

E tem o caso de Guernica, de Pablo Picasso. Bombardeada pelos nazistas em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, levou Picasso a reproduzir o quadro desolador da pequena cidade arrasada, que servira de teste para os aviões alemães. Conta-se que, durante a visita de um oficial nazista, na Paris ocupada, diante do grande mural, grande em todos os sentidos, o militar quis saber:

– Foi você quem fez isso?

– Não, foram vocês.

Um filme e mais um livro

Para encerrar, professor Afronsius citou A Vida é Bela (La Vita è Bella), filme de Roberto Benigni, 1999. E o livro O Bom Humor na Bíblia, no qual o professor Luiz Jean Lauand mostra que, “entre as realidades divinas e humanas contidas na Bíblia, encontra-se a dimensão do humor, em suas diversas formas: desde o modo leve e descontraído de encarar a Criação, até a ironia ante a insensatez do homem que se ergue contra Deus, passando pela aguda sutileza com que se descreve a condição humana e as idiossincrasias dos indivíduos e dos povos”.

E ainda vale citar a piada, que, por supuesto, está no Foi-se o Martelo:

– Qual é a diferença entre capitalismo e comunismo?

– Capitalismo é a exploração do homem pelo homem… e o comunismo é exatamente o oposto.

ENQUANTO ISSO…

25 maio

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