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Jaguaré, uma figura
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Talvez em função da expectativa de ver um tremendo show de Messi, o primeiro tempo de Argentina x Bósnia não prendeu muito a atenção da torcida no Bar VIP da Vila Piroquinha. Tanto que, em algumas mesas e mesmo no balcão, o jogo deu espaço para outros assuntos. Um deles, uma queixa:

– Tenho sofrido com o futebol… Meus dois times vêm amargando uma segundona. O Paraná e o Brescia.

– Brescia?

– Sim, na Itália.

Já um outro frequentador preferiu voltar à Copa do Mundo de 1938. Mais especificamente ao pênalti contra o Brasil, na derrota de 2 a 1 diante da Itália. Pênalti mandrake marcado pelo árbitro suíço Hans Wuethrich, ou Wutrich. Piola x Domingos da Guia, sem bola. Segue uma opinião da época, conforme o jornal O Globo, que desceu a lenha na arbitragem, em Jules Rimet e na Fifa.

Copa B

– Jaguaré? Nunca ouvi falar.

O primeiro goleiro a usar luvas

No livro O Negro no Futebol Brasileiro, de Mário Filho, Editora Civilização Brasileira, 1964, segunda edição, temos um retrato do goleiro. Jaguaré Bezerra de Vasconcellos, campeão pelo Vasco da Gama em 1929, acompanhou o time em excursão (um prêmio aos atletas) a Portugal. Jaguaré ficou impressionado com o que viu, o alto profissionalismo, tanto que permaneceu na Europa, ele e Fausto dos Santos, o Maravilha Negra. Jogou no Barcelona, transferindo-se depois para o futebol francês.

Volta e meia retornava ao Brasil. Numa dessas, apareceu em São Januário para treinar. De trenó branco e chapéu chile pendido de lado. Foi ao vestiário e, na volta, surpreendeu novamente os torcedores. Parecia um goleiro europeu: boné e luvas. Foi o primeiro goleiro brasileiro a jogar de luvas.

Evita gol em lance de artilheiro

Brincalhão, num jogo contra o Racing, pela Copa da França, fez uma defesa de bicicleta. Não foi dispensado porque seu time, o Olimpique, venceu. Na Inglaterra, após praticar uma defesa, atirou a bola na cabeça do adversário. O árbitro parou o jogo, chamou o capitão do Olimpique e advertiu que não toleraria brincadeiras como aquela. Puniu o time francês com um tiro livre indireto.

Como temor da guerra, voltou ao Brasil. Chegou nem um tostão. Torrou todo o dinheiro que tinha amealhado. Voltou à profissão de estivador. Ninguém acreditava quando contava episódios de sua via na Europa. Em 1940, Jaguaré voltou a ser noticia: breve nota na página policial revelava que o ex-goleiro do Vasco Jaguaré tinha se envolvido em uma briga com policiais. E que fora espancado até a morte. Foi enterrado com indigente.

ENQUANTO ISSO…

16 junho (1)

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