Um jogo para não esquecer. Ou seja, um jogo para não esquecer desejando nunca mais ver algo igual. Irã x Nigéria, na Arena da Baixada, foi de uma tristeza geral. Um verdadeiro oxo. Ou ocho. Tanto faz. Nem quando uma das defesas recuava a bola para o goleiro, como observou Natureza Morta, ela chegava à área. Os chutes geralmente faziam a bola ir parar na lateral. Ou bandeirinha de escanteio. Desespero principalmente para a turma do bolão, feito em botecos.
Que o diga o pessoal do Bar VIP da Vila Piroquinha. Com 20 participantes, ninguém levou o prêmio, posto que nenhum dos luminares em matéria de futebol cravou um empate. Empate de 0 a 0.
– Ainda bem, não que a bolada fosse alta, mas porque, no caso, certamente causaria uma catástrofe. Ou catástre. Papar o prêmio sozinho? Uma maldição.
E citou o caso de Uruguaio, personagem de Luis Fernando Veríssimo em Os Espiões, Editora Alfaguara, 2009. Para quem não leu – e não sabe o que está perdendo -, Uruguaio é um cabôco que, na imaginária cidade de Frondosa, teve a infelicidade de ganhar o bolão quando da final da Copa de 50.
Talvez o único brasileiro a cravar 2 a 1 e ter tamanha infelicidade de acertar na mosca. Passou a ser hostilizado pela população. Apedrejamento de sua casa, banido de todos os bares e outros locais públicos, amaldiçoado pela família, os amigos etc etc. Passou a ser execrado na rua, apontado como “o uruguaio”. E de nada adiantou ter doado a metade (ou mais da metade) do maldito prêmio a instituições de caridade – e outras nem tanto, como a dona do lupanar de Frondosa, que ficava atrás do cemitério. Continuou amaldiçoado, marcado pelo apelido de Uruguaio. O sujeito que traiu o Brasil. Um crime sem remissão.
Ou seja, cuidado ao fazer um bolão. Principalmente em jogo do Brasil. Pode dar uma baita zebra. Como no caso de haver vencedor numa revanche Irã x Nigéria.
ENQUANTO ISSO…
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