• Carregando...
Não falta mais nada. Será?
| Foto:

Como na vida, no trânsito de Curitiba você morre e não vê tudo. A constatação é de um irritado professor Afronsius. No já tradicional dedo de prosa com Natureza Morta, junto à cerca (viva) que separa o seu apê da mansão da Vila Piroquinha, o professor contou a mais recente que presenciou.
– A mais recente, uma vez que a última parece estar longe de acontecer.
Foi na quarta-feira, exatamente às 12h30, na Rua Rocha Pombo esquina com Campos Sales. Trânsito alucinado, como sempre.
– Aí, num carro à frente, alguém dispara uma cusparada branca, leitosa. Depois, coloca a mão esquerda para fora, com uma garrafa de água mineral, suponho que sem gás. Ato contínuo, coloca a outra mão, agora com uma escova de dente toda lambuzada. E, para aumentar o meu espanto, começa a lavar a escova com a água mineral, sem gás, suponho.
– Parou o trânsito?
– Que nada. Reduziu um pouco a velocidade e fez toda a operação dirigindo… Quase anotei a placa do carrinho preto. Será que ligo para a Setran? Não, nunca fui dedo-duro… E eram mãos femininas.

Tudo é possível

Beronha, que chegava para serrar o café (de coador) da manhã, café com mistura (e Vodka Bakunin), interessou-se pelo papo. Embora não saiba dirigir (“bater a chave, trocar marcha, mexer no volante, isso dá muito trabalho”), lançou um desafio ao professor Afronsius e ao solitário da Vila Piroquinha: o que ainda poderá ser visto no trânsito? E deu alguns exemplos:
– Madame dirigir de olho pregado no retrovisor para a correta aplicação do rímel.
– Homem ajustando a dentadura ou pivô postiço enquanto dirige.
– Cidadão dando novo nó na gravata.
– Ajustando a meia porque usa sapato come meia.
– Colocando fumo na fornilha do cachimbo.
– Dirigindo com capacete de motoqueiro. Viseira fechada.
– Jogando sério com o passageiro do banco ao lado. Quem piscar antes, perde.
– Cortando as unhas e tirando a cutícula.
– Dirigir fazendo palavras cruzadas. Ou sodoku. O jogo de lógica e raciocínio.
E por aí ficou o nosso anti-herói de plantão.

O cinto é cinto mesmo?

Natureza pediu licença para se retirar, mas, antes, lembrou a questão do cinto de segurança.
– Ao contrário do uso do celular ao volante, temos aí uma proibição que deu certo. Tornou-se uma coisa automática. O sujeito entra no carro e põe o cinto. A unanimidade é tão grande que, no início, suspeitei que não era cinto de segurança. Era a camisa do Vasco, aquela com uma faixa preta cruzando o peito de cima para baixo. Truque para fugir da multa.
– Olha que pode ser mesmo… – ponderou o professor Afronsius.

ENQUANTO ISSO…


0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]