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O absurdo como certo
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Dizem que coisa boa atrai coisas boas. O professor Afronsius concorda plenamente. Tanto que, no dedo de prosa com Natureza Morta e Beronha, junto à cerca (viva) da mansão da Vila Piroquinha, deitou elogios, mais uma vez, à Revista de História da Biblioteca Nacional.
– Pena que não seja semanal. É compreensível, claro, mas eu sofro um mês inteiro à espera do próximo número.
Natureza concordou, enquanto nosso anti-herói de plantão apressava-se em fazer uma sugestão:
– Mude-se para o Rio e vá morar na Biblioteca…

A importância do rodapé

Como em todas as edições, o professor Afronsius não perde a seção Meu livro preferido de História. Agora, por exemplo, na de agosto, o convidado foi o desenhista e escritor Lourenço Mutarelli. Confessa que é difícil apontar o seu preferido, mas fica com “História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal”, de Alexandre Herculano, prefaciado em 1852.
Texto agradável e sucinto, conta que já tinha lido sobre inquisições em geral, mas, como uma coisa leva a outra, foi se aprofundando e chegou ao livro de Herculano. Chegou graças a uma nota de rodapé. E, por sorte, encontrou o livro – coisas boas atraem coisas boas – em um sebo. Editora Pradense, 2002.
Como informa, foi o primeiro trabalho sobre uma região específica, Portugal. O prefácio do primeiro volume – é uma trilogia – é classificado de “muito bonito” e que “contextualiza muito melhor”. “Mostra onde você está pisando”.

Entre a atração e a repulsa

Mutarelli diz que inquisição é um assunto que, de certa forma, o atrai e causa repulsa ao mesmo tempo. Primeiro, ficou chocado: “a gente ouve falar da Inquisição como se tivesse sido uma só, mas foram muitas”.
Prossegue: não se tratava só de caça às bruxas. Em Portugal, as maiores vítimas foram os judeus. “Algo muito parecido com o que aconteceu na Alemanha tanto tempo depois”.
Para ele, “o mais chocante é ver como, em alguns momentos da História, o homem acaba acreditando nas coisas mais sombrias, aceitando o absurdo como o certo”.
E, encerrando, lamenta que “a gente já viveu isso muitas vezes e vai continuar vivendo”.
O solitário da Vila Piroquinha pediu licença para se retirar. “Vou à banca mais próxima comprar um exemplar da Revista de História da Biblioteca Nacional”.
– Eu empresto a minha.
– Não, obrigado. Essa é daquelas revistas para ler, guardar e reler.

ENQUANTO ISSO…


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