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O eternizado e o breve
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O que é bom, diz o ditado popular, dura pouco. Pode ser, mas tudo depende do que se entende por bom, em qual circunstância surge e por quais meios ou métodos se é bafejado. Foi pensando nisso, ou mais precisamente em determinados políticos, que o professor Afronsius trouxe para o dedo de prosa junto à cerca (viva) da mansão de Vila Piroquinha o problema da eternização no poder.
– Não querem largar o osso – concordou Natureza Morta, de pronto.
O assunto girou e centrou-se, é claro, no vereador de Curitiba que permaneceu 15 anos na presidência da Casa, até ser renunciado.

Anos e anos

Aproveitando, e para não ficar limitado apenas à província, o solitário da Vila Piroquinha lembrou o caso de Francisco Franco, ele mesmo, o da Espanha. Não propriamente o caso, mas uma piada devidamente registrada por historiadores quando do enterro do ditador.
O corpo foi levado de trem para o Vale dos Caídos. Na estação, quando chegou, um velho anarquista não perdoou:
– Esse trem está atrasado pelo menos 36 anos.
Sem fazer juízo ou procurar estabelecer alguma comparação, pelo contrário, bem longe disso, Natureza Morta foi em frente: mas há políticos que nem chegam ao poder de fato, embora pudessem até realizar um grande trabalho para a coletividade. Do lado oposto dos que insistem em se eternizar, presos pelo bolso, e citou Delfim Costa.

Quem foi

Delfim Moreira da Costa Ribeiro foi um dos poucos presidentes da República que poderiam, sem demérito, receber o carimbo de “o breve”. Segundo a seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, ele “passou para a História sem fazer absolutamente nada”. É que não teve tempo.
Seu mandato, com a doença e morte de Rodrigues Alves, vitimado pela gripe espanhola, foi de apenas 8 meses. Mandato-tampão, até novas eleições, como determinava a lei: o vice-presidente assume provisoriamente em caso de morte do presidente antes de decorridos 2 anos de sua posse, ou seja, metade de seu mandato. E Rodrigues Alves nem chegara a assumir o cargo.
Delfim foi empossado no dia 15 de novembro de 1918 e esteve presidente até julho de 1919. Além disso, na interinidade, quem apitava no governo era o ministro Afrânio de Melo Franco, da Viação e Obras Públicas. Sim, existia isso. Mineiro de Cristina, onde nasceu a 7 de novembro de 1868, Delfim Moreira, mesmo que pudesse virar presidente de fato, não teria saúde para tanto. Morreu no dia 1.º de julho de 1920, em Santa Rita do Sapucaí, Minas.
– Pois é, viver é perigoso. Em todos os casos, sentidos e lugares – concordou o professor Afronsius.

ENQUANTO ISSO…


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