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O pouco que se sabe
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A caminho da mansão da Vila Piroquinha, Beronha sempre vai cantando. Ou melhor, vai cantando uma única música, a que ele conseguiu, após muito esforço, decorar a letra.
– A ventania começou quando eu dormia/acordei, fiz o sinal da cruz/quis acender a luz/não encontrei o lampião/Úúú/Era assim que fazia o furacão/Levei uma pedra e um tijolo na cabeça/tô machucado, tá doendo pra chuchu/vai na farmácia que eu preciso de um doutor/Úúú/Era assim que fazia o furacão…
Pelo menos para ele, é um tremendo sucesso. Não se sabe quem foi o autor dessa “pérola” do cancioneiro popular, como não se sabe muitas outras coisas do nosso anti-herói de plantão.

O fiel companheiro

O pouco que Natureza Morta conhece é que, desde criancinha, o único bichinho de estimação do Beronha era um morcego. Vivo, vivinho da silva, e que permanecia pendurado na cabeceira do berço. No mais, dizem que ele sempre andou com o sapato desamarrado. Era incapaz de juntar as pontas do cadarço para dar o nó.
– E precisaria? Só tive mesmo um par de sapatos… Usado.
Um tanto quanto borboleta, o sujeito que vive no mundo da Lua, certa vez, ao parar ao lado de um carro, no estacionamento do supermercado, foi “atropelado” quando o veículo deixou a vaga. “Atropelado” no bico pé direito, que postara sob a roda dianteira.
Aliás, ele nunca dirigiu. Levou bomba não no exame de habilitação, mas em todas as aulas que teve na autoescola.
– Dava sinal pra direita e entrava à esquerda. E geralmente engatava a ré para tentar seguir em frente – recorda um ex-instrutor, que não suportou o aluno e mudou de profissão. Depois de prolongado tratamento psiquiátrico, hoje é um feliz guarda de trânsito.
Por fim, o que sabe também é que, no Exército, foi devidamente dispensado (e com desonra) depois do primeiro exercício de tiro. Tiro real. Acertou o pé.
– Coitado, foi um tremendo azar – comentou o solitário da Vila Piroquinha, até saber que azarado mesmo foi o sargento que dava instrução. Até hoje tem dificuldade para bater falta ou pênalti nas peladas de fim de semana.
– Intriga, tudo intriga – rebate Beronha

Uma dupla do barulho

Consta ainda que Beronha sentou praça na Polícia Militar. E, suprema glória, foi reco ao lado de Ademir Vigilato Paixão, que tinha vindo de Japira, Norte do Paraná. Ele mesmo, o imbatível cartunista Paixão. Não pintaram o cavalo do comandante, mas aprontaram outras.
Como colegas de farda, participaram, inclusive, de uma perseguição à noite, pulando cercas e muros atrás do meliante. Que se entregou, para não morrer de rir.
Mas essa já é história para outra ocasião.

ENQUANTO ISSO…


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