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O sucesso, sem fumaça
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Considerado por muitos a cereja do bolo, o Facebook domina a cena. E há quem pense: como poderia “estar vivo” e “em busca da felicidade” sem ele? A questão não é de hoje, claro.
Tempos atrás, e sem o fumegante Hollywood entre o indicador e o médio, a turma se virava com o que achava melhor. Um caminho para sair do frio anonimato e estabelecer contatos a distância, que levava outra logomarca: Grande Hotel.

Máquina do tempo

Segundo Natureza Morta, a máquina do tempo existe. E ela pode estar estacionada, inclusive, em sebos. Foi em uma dessas incursões que encontrou centenas de exemplares da revista Grande Hotel.
Apresentando-se na capa como “a mágica revista do amor”, oferecia, basicamente, histórias de grandes paixões (e decepções) e, é claro, o chamado correio “correio sentimental” corria à solta.
Tinha outros nomes: “Confessionário do amor”, “Será o amor com que tanto sonhei”, “Com quem sonha você”, “Dos leitores aos leitores”, “Telegramas de amor”…

500 mil exemplares

A revista era da Editora Vecchi, fundada por uma família de descendentes de italianos, os Vecchi. Publicava revistas e livros, tornando-se conhecida também pelas histórias em quadrinhos, desenho-novela e fotonovelas.
A Vecchi surgiu em 1913, iniciativa de Arturo Vecchi. Especializou-se em romances para o público feminino. A Grande Hotel surgiu em 1947. Seu reinado só acabou em 1952, quando a Editora Abril lançou a Capricho, que chegou a tirar 500 mil exemplares.
Longe do alcance planetário de hoje do Facebook, a revista da Vecchi cumpriu o papel a que se propunha. Inclusive com a página “Passatempos e humorismo”, de onde foi extraído desenho abaixo, de Manzi. Excelente, e – em tempos de boom imobiliário – de uma atualidade impressionante…


Casais felizes da vida

Além de receitas para o sucesso no campo amoroso e a interpretação de sonhos relatados pelos leitores (“Eu tive um sonho”), passava lições de boas maneiras. E, suprema glória, elegia as “Rainhas da Mocidade Brasileira” e os “Galãs Perfeitos do Brasil”.
– Bons partidos, certamente – opinou o professor Afronsius.
– De fato – concordou Natureza, mostrando que, na 13ª apuração do concurso Rainhas da Mocidade, Alzira D. A, de São Paulo capital, aparecia com 6.780 votos, enquanto Cid V.S., do Rio, despontava como o “galã perfeito do Brasil” por amealhar 3.351 votos.
– Nada de internet. Tudo por conta da eficiência dos Correios e Telégrafos.

Enlaçando corações

Na página 22 da edição 402, de 1955, Natureza encontrou uma prova do sucesso:
– Casou-se a Rainha das Rainhas da Mocidade Brasileira.
“O sensacional concurso das Rainhas da Mocidade Brasileira e Galãs Perfeitos do Brasil, promovido com extraordinário sucesso pela mágica revista do amor, e que tamanha repercussão alcançou em todo o território nacional, teve o mérito de aproximar numerosos corações e enlaçar não pouco deles com os laços de um grande e duradouro amor, como sucedeu com a rainha das rainhas, a então senhorita Alzira F.Z, de Taubaté, e o sr. Manuel N.C., que contraíram matrimônio”.
Acompanha o texto uma foto do casal, feita em estúdio, com a dedicatória (para “justo desvanecimento” dos editores) “À revista Grande Hotel, fator número um da felicidade que conseguimos e a quem seremos eternamente reconhecidos”.
– Coincidência ou não, no mesmo número, no expediente, há um acréscimo no slogan da GH – “a mágica revista do amor, que dá sorte”.

ENQUANTO ISSO…


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