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Papos desconcertantes
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A cena ocorreu, de fato, com várias testemunhas. No bar, cidadão pede para o dono “erguer o som” da TV. Como o filme é legendado, ouve como resposta um sonoro “não”, acrescido do fulminante “não sabe ler?” Ele, porém, retruca: “Só em voz alta”.
Como jorram exemplos de diálogos enviesados, temos ainda, da vida real, o insólito caso do jornalista Henry Morton Stanley, do New York Herald, em 1871. Depois de meses, nas proximidades do Lago Tanganica, finalmente localiza alguém que destoava completamente da paisagem, o mais renomado explorador europeu do século XIX, dado como desaparecido na imensidão da África. E tasca:
– Dr. Livingstone, I presume?

Ênclise ou mesóclise?

Na literatura, não há como deixar de lado o saboroso Os Espiões, de Luis Fernando Verissimo. Nas intermináveis incursões e embates em torno do português, professor Fortuna e o revisor Dubin divergem diante de uma questão verbal:
– Ênclise!
– Mesóclise!
– Ênclise!
– Mesóclise!
– Ênclise!
– Mesóclise!

Escritório como residência

De volta ao mundo real: professor Afronsius passa por um belo edifício em construção, no bairro do Juvevê. Duas senhoras param diante do show-room, prédio exclusivo de escritórios:
– Bonito. Mas eu não moraria aqui de jeito nenhum…
Em Lisboa, como conta o underdog Flávio Stege, turista brasileiro pega um táxi para a ir a determinado ponto histórico e quer saber “quanto vai custar a corrida”:
– O quanto o taxímetro marcar.
Ainda em Portugal, outro brasileiro entra num bar:
– Tem Coca-Cola?
– Tem – responde o comerciante, que lhe dá as costas e volta ao que estava fazendo. Se o brazuca fosse mais direto, pedindo uma Coca-Cola, seria prontamente atendido, mas como apenas perguntou se tinha Coca-Cola, obteve a resposta devida.

E presunto vira hóspede

Para encerrar, Marcos Bagno, linguista, escritor e professor da UnB, na coluna Falar Brasileiro, edição de maio da revista Caros Amigos, comenta a “total falta de sensibilidade linguística dos nossos conterrâneos quando estão em terras hispanofalantes”:
– Na recepção de um hotel em Bogotá, um brasileiro perguntava se era possível localizar o professor “Jamón”.
“Só pôde receber como resposta de que não hotel não estava hospedado nenhum professor ‘Presunto’ (jamón em espanhol), já que o nome próprio é ‘Ramón’, com um R muito vibrado, que os brasileiros, por injustificada vergonha, se recusam a produzir”.
Pois é, e assim somos – e vamos.

ENQUANTO ISSO…


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